Após meses de negociações infrutíferas, a Grécia entrou em default às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira. O país tinha até esse horário para pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas, como não chegou a um acordo com seus credores para ter acesso a um pacote de ajuda de mais de 7 bilhões de euros, acabou dando um calote.
A possibilidade de um default havia ficado mais forte na última sexta-feira (26), após o primeiro-ministro Alexis Tsipras convocar um referendo sobre austeridade para o dia 5 de julho. Na consulta, o povo grego dirá se o governo deve aceitar ou não as condições impostas pelos seus credores para liberar o plano de resgate.
Durante esta terça-feira (30), negociações de última hora tentaram evitar um calote, mas sem sucesso. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, chegou a apresentar um novo projeto para Atenas, que incluiria uma solução para sua elevada dívida, mas em troca de um apoio do premier ao “sim” no referendo.
Tsipras respondeu com uma contraproposta que previa o início de um programa de resgate de dois anos e a reestruturação de seu débito, mas o Eurogrupo, que reúne os ministros de Finanças da zona do Euro, não aceitou.
Apesar do calote ao FMI, as tratativas continuarão nesta quarta-feira (1º), com a promessa da Grécia de enviar novas propostas ao Eurogrupo, que voltará a discutir a questão por meio de videoconferência.
Consulta
As últimas pesquisas sobre o referendo do próximo domingo apontam para uma vitória do “sim”. Caso isso aconteça, o primeiro-ministro já sinalizou com uma possível renúncia. Por outro lado, se o “não” prevalecer, isso pode causar a saída da Grécia da zona do euro.
Para liberar o pacote de resgate a Atenas, o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu exigem um amplo plano de reformas, incluindo aumento de impostos e revisão de aposentadorias. Segundo os credores, essa é a única forma de o país controlar seus gastos.
Já o governo alega que as condições impostas pela ex-Troika são “intoleráveis” e apenas agravariam a crise econômica e social na nação. Em entrevista a uma emissora estatal na última segunda-feira (29), Tsipras chegou a acusar os credores de quererem tirar do poder “um governo que tem o apoio popular”.
Efeito
Essa é a primeira vez em seus 71 anos de história que o FMI sofre um calote de uma economia desenvolvida, algo que joga o fundo em águas ainda desconhecidas e pode acarretar em consequências para suas políticas futuras.
De imediato, Atenas não terá acesso aos financiamentos da instituição enquanto não sanar sua situação. Além disso, o default se traduzirá em uma série de notificações e procedimentos que podem até culminar na perda do direito a voto do país no FMI ou, no caso mais extremo, em sua expulsão.
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