O Exército húngaro começou neste mês a erguer um muro de quatro metros de altura que deverá prolongar-se pelos 175 quilômetros da fronteira entre a Hungria e a Sérvia, para conter o fluxo de refugiados. “Os trabalhos começaram em um trecho de teste” de 150 metros, perto de Morahalom, 180 quilômetros ao sul de Budapeste, informaram os ministérios do Interior e da Defesa em comunicado conjunto no início das obras. Segundo a imprensa local, cerca de dez quilômetros já foram terminados. Segundo o site Budapest Beacon, Só neste final de semana que passou foram detidas 1.256 pessoas sem autorização para entrar no país, das quais 275 eram crianças.
O projeto é coordenado pelo primeiro-ministro Viktor Orban para impedir o fluxo de imigrantes provenientes da região dos Balcãs que tentam alcançar a Europa Ocidental e foi aprovado por maioria parlamentar em 6 de junho. Os trabalhos deverão durar vários meses. A construção desta barreira anti-imigrantes, semelhante às já erguidas pela Grécia, Bulgária e Espanha nas fronteiras exteriores da União Europeia (UE), foi contestada pela Sérvia, país que é candidato oficial para integração à União Europeia (UE). Os postos fronteiriços entre os dois países deverão permanecer abertos.
Nos dois últimos anos, a Hungria tornou-se um dos principais países de trânsito da UE para os imigrantes que tentam alcançar a Áustria ou a Alemanha. A maioria é proveniente do Iraque, Afeganistão, Síria e Kosovo. Em 2015, pelo menos 78.190 imigrantes foram registrados na Hungria e, segundo os números oficiais, a maioria (77.600) tinha atravessado o território pela Sérvia.
Assim como a Hungria, a Macedônia também encontra dificuldades por causa da imigração: o país declarou estado de emergência nesta semana e tentou fechar suas fronteiras depois que a Grécia afrouxou as leis de entrada e saída de seu território. A Macedônia é rota de imigrantes que chegam a Atenas, pegam um comboio para a Sérvia e depois entram na Hungria, onde já encontram as portas da União Europeia abertas. Desde o início do ano, 160 mil pessoas entraram ilegalmente na Grécia. A maioria, 85%, foge da guerra: são refugiados e mais de 60% são sírios. Neste país, umas 300 mil pessoas foram mortas desde 2011 e mais de dez milhões fugiram das suas casas para escapar do conflito entre governo e milícias.
Policiamento
Mais de 2.100 policiais serão enviados à fronteira da Hungria com a Sérvia para controlar o fluxo de migrantes que atingiu números recordes nos últimos dias, anunciou nesta quarta-feira (26) o chefe da polícia húngara. “A proteção das fronteira será reforçada com 2.106 policiais a partir de 5 de setembro”, declarou Karoly Papp a jornalistas em Budapeste.
Esses reforços, chamados de “caçadores de fronteiras”, vão patrulhar toda a área, em apoio aos mil policiais que já trabalham regularmente no local para interceptar os migrantes ilegais, acrescentou Papp. O anúncio foi feito quando a polícia disparava gás lacrimogêneo contra os migrantes, perto da passagem da fronteira em Roszke, onde a maioria das pessoas tenta entrar na Hungria a partir da Sérvia.
Um porta-voz da polícia disse à agência de notícias France Press que cerca de 200 migrantes tentaram deixar o centro de processamento sem recolher as impressões digitais. Mais de 2.500 pessoas, o maior número diário contabilizado até agora, entrou na Hungria nessa terça-feira (25), incluindo 555 crianças.
A maioria dessas pessoas é da Síria, do Afeganistão e Paquistão, e tenta chegar à União Europeia atravessando a Grécia, Macedónia e Sérvia até alcançar a Hungria, em direção ao centro e norte da Europa.
*Com Agência Brasil
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