Os veículos de imprensa mundiais deram destaque para a queda do jatinho da campanha de Eduardo Campos, um dos presidenciáveis nas eleições de outubro, que culminou na morte do candidato e de outras seis pessoas, sendo dois pilotos e quatro membros do staff do PSB, partido pelo qual ele concorria ao cargo. Na América Latina, os principais jornais dos países deram manchetes nas primeiras páginas de suas páginas na internet, enquanto na Europa apenas a imprensa espanhola e francesa deu atenção destacada ao acidente.
Entre os veículos latino-americanos, o La Nacion, de Buenos Aires, foi um dos que mais se debruçaram sobre o assunto: no site do jornal a morte de Campos ficou entre as notas mais vistas durante o dia. No Chile, o La Tercera, de Santiago, abriu uma coluna apenas para atualizar as informações sobre a tragédia e publicou um texto onde diz que Eduardo era “o socialista que queria renovar a política brasileira”. Na Colômbia, o El Espectador, de Bogotá, preferiu focar nas causas da queda da aeronave e, no Peru e no Equador, a cobertura do assunto foi mais tímida, assim como no México, onde alguns jornais sequer publicaram a notícia.
Na Europa, o El País, da Espanha, manchetou a informação ainda pela manhã e, durante o dia, tentou analisar as mudanças que a morte de Campos pode trazer ao País. Em um dos artigos, o periódico diz que “o peso político e emocional de boa parte do eleitorado pode favorecer a nova candidata” que, no caso, é Marina Silva, vice de Campos até então. Na França, o Le Monde, de Paris, deixou a nota da tragédia entre as mais lidas do dia e informa que Eduardo Campos, apesar de estar disputando a preferência dos eleitores com Dilma Rousseff, do PT, ambos já haviam sido aliados e que ele era um “socialista a favor do mercado“. O Corriere dela Sera, da Itália, lembrou que Marina Silva embarcaria no mesmo avião, e o Bild, da Alemanha, recordou que ele havia concedido uma entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite anterior ao de sua morte.
Nos Estados Unidos, o New York Times, de Nova York, publicou apenas um vídeo com imagens do acidente, mas o Los Angeles Times, da California, deu destaque em sua página na internet com a manchete entre os espaços principais.
Morte
Eduardo Campos faleceu nesta quarta-feira (13) pela manhã, após a aeronave em que viajava do Rio de Janeiro para a cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo, caiu na região central de Santos, próximo ao local onde o avião pousaria. Segundo informações preliminares, o piloto arremeteu depois que percebeu que não conseguiria pousar por causa do tempo ruim. Além dele, outras seis pessoas morreram no acidente. Eduardo deixa esposa e cinco filhos.
Natural de Recife, Eduardo tinha 49 anos e era formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele estava disputando a sua primeira eleição presidencial, ao lado de Marina Silva, pelo PSB, e era o terceiro colocado nas pesquisas desde que sua candidatura foi confirmada, no início do ano. Filho de Maximiano Campos, poeta e cronista pernambucano e de Ana Arraes, atualmente ministra do Tribunal de Contas da União, além de ser neto de Miguel Arraes, tradicional político da esquerda brasileira que faleceu há exatamente nove anos, em Recife, quando exercia o cargo de deputado federal.
Eduardo também era casado com a auditora do Tribunal de Contas de Pernambuco, Renata Campos, com quem tem cinco filhos. O último deles, de oito meses de vida, tem Síndrome de Down.
Na política, sua carreira começou em 1990, quando se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), ano em que também foi eleito deputado estadual, seu primeiro cargo público. Nas eleições de 1994, venceu o pleito para uma cadeira da Câmara dos Deputados com 133 mil votos, mas não completou o mandato porque foi chamado pelo seu avô, Miguel Arraes, para ser Secretário da Fazenda do governo pernambucano.
Foi eleito novamente em 1998 e, em 2002, já na base aliada do PT com o governo Lula, foi considerado um dos parlamentares mais atuantes do Congresso pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). Eduardo ainda foi Ministro da Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2005 e governador de Pernambuco entre os mandatos de 2006 e 2010 e 2011 até este ano, quando se licenciou para a candidatura ao cargo de presidente do País.
Eduardo Campos foi capa da edição 39 de Brasileiros, em outubro de 2010, quando o então governador de Pernambuco recebeu o repórter especial Ricardo Kotscho no Palácio do Campo das Princesas, em Recife. À época, Campos, com 45 anos, havia acabado de ser o governador mais votado do Brasil, com 82,84% dos votos, e já era o símbolo de uma geração nova que entrava na política brasileira.
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