Presidente da Turquia fecha mais de mil escolas e confisca passaportes

Foto: Presidencia da República da Turquia
Foto: Presidencia da República da Turquia

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, determinou neste sábado o fechamento de 1.043 instituições de ensino, sendo 15 universidades, 1.229 associações e fundações e 19 sindicatos. A medida faz parte do primeiro decreto assinado pelo presidente turco desde o estabelecimento do estado de emergência na nação, decisão tomada cinco dias depois de um fracassado golpe de Estado que deixou cerca de 300 mortos e abriu uma onda de demissões, além de milhares de detenções.

No mesmo decreto, Erdogan estendeu de quatro para 30 dias a duração máxima da prisão provisória. Segundo a agência estatal turca Anadolu, foram providenciadas mais de 12.500 prisões provisórias desde os acontecimentos de 15 de julho. Há ainda 5.600 pessoas detidas, dentre policiais, militares, juízes e civis.

As autoridades turcas também prenderam Muhammed Sait Gulen, sobrinho de Fethullah Gulen, o clérigo muçulmano que vive nos Estados Unidos, e que é acusado pelo presidente da Turquia de orquestrar a tentativa de golpe. De acordo com a agência Anadolu, entre as possíveis acusações que poderiam ser feitas contra ele está a de que é membro de uma organização terrorista.

A justiça anunciou, no entanto, a libertação de 1,2 mil soldados detidos após o golpe de Estado fracassado, em meio a críticas internacionais pelas medidas repressivas adotadas pelo governo de Erdogan. Esta é a maior libertação de suspeitos até o momento. Ainda neste sábado, o Partido Democrático dos Povos (HDP) reuniu milhares de pessoas em Istambul para protestar contra o golpe, mas também contra o estado de emergência decretado por Erdogan.

Para Peter Demant, professor da Universidade de São Paulo e especialista em Relações Internacionais, Erdogan pretende transformar a Turquia em uma grande potência regional do Oriente Médio. Ainda assim, o país teria fortes relações com a Europa e os Estados Unidos, o que o tornaria vulnerável a pressões externas. “Não acho que Erdogan queira implementar uma ditadura completa, mas esse desfecho é terrível para a democracia turca. Por outro lado, se o golpe tivesse acontecido, teria uma guerra civil no país. Qualquer um dos desfechos seria ruim para a Turquia.”

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Com reportagem da Agência Brasil


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