Tradição milenar do Ano Novo Chinês desafia negócios na era digital

Foto: Reprodução/IDGNOW
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O Ano Novo Chinês (também conhecido como Ano Novo Lunar), resulta na maior migração humana sazonal do planeta. Todo ano, durante esse período que acontece entre os meses de janeiro e fevereiro, mais de 100 milhões de trabalhadores chineses deixam seus postos de trabalhos para voltar às suas cidades natais e celebrar junto à família o Festival de Primavera do Ano Novo. 

Esse movimento trava muitas vezes o sistema de transporte do país e deixa indústrias e outros negócios completamente inativos. 

Para o Ano Novo Chinês que começa nesta quinta-feira, 19 de fevereiro, o processo já está em andamento, portanto para quem tem parceiros de negócios chineses, a mudança do ritmo pode ser um choque. Para melhor entrar no espírito da data, pense no Ano Novo Chinês sendo equivalente às festas de final de ano no Ocidente, porém com feriados mais longos. E marcado, este ano, pela figura do Carneiro (ou Cabra para alguns).

Parada milenar

Repartições públicas e bolsas de valores chinesas estarão fechadas durante a semana de 19 de fevereiro, mas os festejos do Festival de Primavera continuarão por mais 15 dias nas empresas e milhões de funcionários só retornarão ao trabalho após 9 de março.

Empresas ocidentais que dependem de fornecedores chineses já aprenderam a contornar a situação. “O segredo é comunicação e gerenciamento das expectativas,” diz Nelson Yip, vice- presidente da Hong Kong Electronics & Technologies Association, uma associação comercial de operadoras de plantas industriais na China. 

Embora nem todas as fábricas interrompam suas atividades por completo durante um mês, a produção é reduzida de forma drástica; ocorrem atrasos nas entregas e os telefones não são atendidos. “É possível dar conta de pedidos pequenos de produtos-padrão,” afirma Yip. No entanto, novos pedidos dificilmente serão processados e muito menos, atendidos. “De um modo geral, durante os feriados nós damos apenas uma resposta rápida às perguntas dos clientes,” diz Cissy Xu, gerente geral da Guangzhou Miti Import & Export Trading Co., na província de Guangdong.

Choque da internet

Conforme a China vai se integrando cada vez mais à economia global através do comércio e da Internet, há sinais de que as empresas locais estão chegando à conclusão de que uma economia vital e moderna não pode simplesmente sair do ar durante longos períodos. 

No início do mês, a China Express Association, uma associação comercial de âmbito nacional formada por empresas transportadoras, emitiu diretrizes apelando às empresas para que não suspendam suas operações durante o Ano Novo Chinês e para que os funcionários não trabalhem menos de seis horas por dia, a fim de evitar atrasos nas entregas e acumulo de pacotes.

Triplo do salário

Como as transportadoras responderam a esse apelo? De acordo com um artigo publicado recentemente no jornal Shanghai Daily, as principais entregadoras de Xangai estão cobrando taxas mais altas para compensar o aumento nos custos causado por uma forte alta no volume de entregas e pela redução na mão de obra no período que antecede o Festival de Primavera. 

De fato, é possível trabalhar durante os feriados — mas só para aqueles que estão dispostos a pagar mais. Segundo Frank Lavin, que atuou como presidente da comissão coordenadora do USA Pavilion na 2010 Shanghai Expo, para que a exposição pudesse abrir na data programada o pavilhão teve que ser construído durante o Ano Novo Chinês. “Os trabalhadores não se importaram com isso,” Lavin afirmou. “Eles apenas disseram que queriam ganhar o triplo.’ “

 

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