O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores, José Serra, bem que tentaram, mas o Uruguai decidiu dizer não ao pedido feito pelos brasileiros, na última terça-feira (5), para que o país vizinho não transferisse para a Venezuela a presidência do Mercosul no próximo dia 12 de julho, como previsto. Depois de reuniões internas, o governo uruguaio informou na noite de quinta-feira (7) que decidiu transferir o comando para a Venezuela.
Em comunicado oficial, o Ministério de Relações Exteriores uruguaio reiterou sua posição “no sentido de prosseguir com a transferência [da presidência pro tempore], em conformidade com as disposições das normas vigentes do Mercosul”. Além do Brasil, a sucessão é alvo de críticas do Paraguai, por causa da crise política envolvendo o presidente Nicolás Maduro.
A troca da presidência do Mercosul é feita a cada seis meses e deveria ocorrer na próxima Cúpula de Presidentes do bloco, que estava prevista para a próxima terça-feira (12), em Montevidéu, mas foi cancelada.
Diante do impasse, na segunda-feira (11), os chanceleres do Brasil, Paraguai, Uruguai e da Argentina vão se reunir para discutir a situação da Venezuela.
Cláusula democrática
Entre os integrantes do bloco regional, o Paraguai é o maior crítico da Venezuela. O chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, defende inclusive a aplicação da chamada cláusula democrática do Mercosul, que prevê sanções a um país do bloco em caso de ruptura democrática. O próprio Paraguai foi suspenso, em 2012, após o afastamento do então presidente Fernando Lugo.
Na época, com a ausência do Paraguai, os demais países do bloco aprovaram a entrada da Venezuela no Mercosul, que estava travada pelo Senado paraguaio.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, tem criticado o governo de Nicolás Maduro, dizendo que não existe democracia no país, referindo-se aos opositores detidos, considerados “presos políticos”. Brasil e Argentina acusam o governo Maduro de dificultar a organização de um referendo por parte da oposição venezuelana que pode tirá-lo do poder.
Já a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, escreveu no Twitter que “a república Bolivariana da Venezuela rechaça as insolentes e amorais declarações do chanceler de facto do Brasil”. Ela afirmou que o País vive um golpe de Estado que “vulnera a vontade de milhões de cidadãos que votaram na presidenta Dilma. […] O chanceler de facto José Serra se soma à conspiração da direita internacional contra Venezuela e vulnera princípios básicos que regem as relações internacionais”.
Deixe um comentário