A ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, manteve o discurso adotado pelo presidente do país, Nicolás Maduro, e afirmou, em entrevista ao canal privado Venevisión, na noite desta quarta-feira (11), que os Estados Unidos planejam um bloqueio econômico ao governo venezuelano. Segundo ela, caso os EUA levem a cabo tais medidas, não serão apenas os chavistas os afetados. “Aqui está contemplado um bloqueio financeiro, comercial e econômico. [As medidas] não são apenas para os chavistas, mas para os empresários que produzem hoje na Venezuela. Eles serão afetados da mesma forma. Todos nós seremos afetados”, afirmou ela.
Delcy também disse que a decisão do presidente norte-americano, Barack Obama, de registrar a Venezuela como uma “ameaça à segurana nacional” e como um país que apresenta um “risco extraordionário” é de uma “gravidade transcedental como nunca se havia visto na história da Venezuela” e reiterou que o empreendimento dos EUA em classificar negativamente o país sul-americano não é apenas retórica. “Esse decreto do Obama é absolutamente gravíssimo para o país. Historicamente, quando se aprova uma lei dessta natureza nos EUA, quando se decreta emergência nacional, eles estão implicando não uma sanção, mas um programa com 30 restrições que podem ser de congelamento de bens, recursos e intervenção militar”, completou ela.
Ela ainda acusou os Estados Unidos de planejarem uma nova guerra mundial. “Hoje se está reiterando o que estamos dizendo há algum tempo: que os EUA estão preparando uma guerra ao mundo. O que está acontecendo no Cognresso não tem precedentes na história da humanidade”, afirmou, se referindo a um projeto de lei enviado ao parlamento pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que autoriza o uso de forças armadas sem a necessidade de condições geográficas específicas.
Panos quentes
Enquanto a ministra criticava duramente as iniciativas dos Estados Unidos na televisão, o vice-presidente do país, Jorge Arreaza, colocava panos quentes no conflito retórico entre venezuelanos e norte-americanos. Após uma reunião ministerial no Palácio de Miraflores, sede do governo da Venezuela, ele disse que o país sul-americano quer “com os Estados Unidos, relações de respeito, paz e onde todos possam desenvolver projetos de maneira independente”.
Ele também fez um chamado à união nacional e lembrou que o fato de a Venezuela ter uma das maiores reservas de petróleo do mundo são motivações para os ataques norte-americanos. “Estamos fazendo um chamado, como fez o presidente Nicolás Maduro, à unidade nacional, além dos que apoiam a revolução bolivariana. Todos os cidadãos que sintam o fervor desta pátrica devem se unir na defesa do país”, disse. “[As reservas de petróleo da Venezuela], talvez, seja uma das razões para as ameaças”, completou.
O presidente Barack Obama determinou na segunda-feira (9) a aplicação de novas sanções a funcionários venezuelanos, que acusa de violação de direitos humanos, entre eles o diretor-geral dos Serviços Secretos e o diretor da Polícia Nacional da Venezuela. Entre as restrições estão a proibição de entrada nos Estados Unidos e o congelamento de bens. ”Estamos profundamente preocupados com o aumento das iniciativas do governo venezuelano para intimidar os seus opositores políticos”, disse o governo norte-americano em comunicado. Na nota divulgada pela Casa Branca ainda está escrito que o problema é de “emergência nacional” nos Estados Unidos devido ao “extraordinário risco” que representa a situação na Venezuela para a segurança norte-americana.
Desde a carta divulgada no início da semana, os Estados Unidos não se pronunciaram novamente sobre o assunto.
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