José Wilker morre aos 66 anos

O dono de inigualável voz e insubstituível atuação e direção vai deixar muitas saudades!
O dono de inigualável voz e insubstituível atuação e direção vai deixar muitas saudades!

 

O ator e diretor José Wilker morreu, aos 66 anos, na madrugada deste sábado (5), no Rio. Ele sofreu um infarto fulminante. A morte precoce, aos 66 anos, encerra uma brilhante trajetória de 29 novelas e 49 filmes.
O ator ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas como “Roque Santeiro”, em que interpretou o personagem-título, e “Senhora do destino”, em que interpretou o bicheiro Giovanni Improtta. No cinema, fez filmes como “Bye bye Brasil” e viveu o Vadinho de “Dona Flor e seus dois maridos”.

Cena consagrada do filme "Dona flor e seus dois maridos".
Cena consagrada do filme “Dona flor e seus dois maridos”.

 

Wilker morreu no apartamento da namorada, Claudia Montenegro, em Ipanema, Zona Sul. Ele foi velado no Teatro Ipanema, na Zona Sul do Rio. O velório, que foi aberta ao público às 23h40, terminou às 14h deste domingo. “Ele foi cedo demais”, disse Stepan Nercessian à imprensa. Milton Gonçalves, amigo de Wilker há 50 anos, disse que ele era uma pessoa muito verdadeira. “Ele contribuiu de forma muito positiva para a arte”.

Sua última participação em novelas foi em 2013, em “Amor à vida”, de Walcyr Carrasco, no papel do médico Herbert. Em 2012, ele foi o coronel Jesuíno no remake de “Gabriela”, baseada no livro “Gabriela Cravo e Canela”, de Jorge Amado. Na versão original, exibida em 1975, havia feito Mundinho Falcão. Na TV Globo, participou de quase 30 novelas.

Homem do teatro

José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante. Wilker começou a carreira como locutor de rádio e atuou em dezenas de novelas, filmes e minisséries, como a JK e Gabriela.

José Wilker trabalhou também como diretor, narrador, apresentador e crítico de cinema. Ele nunca passou por uma escola de teatro, apesar de ter estudado interpretação, para exercer a profissão de ator com tamanha maestria. Ele dizia um homem do teatro.
Ele ouvia muita rádio e gostava muito de ir ao circo.

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Wilker também participou de um movimento de teatro em Recife no início de sua carreira, um projeto que ensaiava aulas de alfabetização de adultos com base na obra de Paulo Freire. Para fazer teatro, ele dizia que era preciso ser viciado em informação: ler jornal todo dia e estar atento ao que as pessoas tinham a dizer.

O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou documentários sobre cultura popular. Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.


Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça “O arquiteto e o imperador da Assíria”, foi convidado pelo escritor Dias Gomes o para o elenco de “Bandeira 2” (1971), sua primeira novela. Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em 1975: foi Mundinho Falcão em “Gabriela”.

Apaixonado pelo cinema, o ator participou de filmes como “Xica da Silva” (1976) e “Bye bye Brasil” (1979), ambos de Cacá Diegues, “Dona Flor e seus dois maridos” (1976) e “O homem da capa preta” (1985). Fez ainda o personagem Antônio Conselheiro em “Guerra de Canudos” (1997), de Sérgio Rezende. Além disso, foi diretor-presidente da Riofilme. O artista ainda escreveu textos para revistas e jornais e comentou a cerimônia do Oscar durante vários anos.


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