Comandante-geral do Exército lamenta 1964 e refuta intervenção militar no Brasil

O comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas - Foto: Divulgação/Defesa.Net
O comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas – Foto: Divulgação/Defesa.Net

O comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas, refutou na terça-feira (19) a possibilidade de intervenção das Forças Armadas no Brasil em decorrência da atual crise política. A declaração foi feita em palestra sobre o Dia do Exército, no Centro Universitário de Brasília (UniCeub).

“As Forças Armadas não existem para fiscalizar governo nem para derrubar governos. Temos que contribuir para a legalidade, dar condição para que as instituições continuem trabalhando e encontrem caminhos para superar o que estamos vivendo. Vimos que os embates [políticos] têm sido acirrados, mas as instituições estão funcionando”, disse.

Villas Bôas disse que a intervenção militar de 1964 foi um erro das Forças Armadas. “O Brasil da década de 30 a 50 foi o País do mundo que mais cresceu, com Getúlio [Vargas], Juscelino [Kubitschek]. Nos governos militares nas décadas de 70 e 80, nós cometemos um erro, nós permitimos que a linha da Guerra Fria nos atingisse e o País, que vinha num sentido de progresso, perdeu a coesão”, analisou.

O golpe militar de 31 de março de 1964 levou o Brasil ao mais longo período de interrupção democrática durante a República. Lembrado como “os anos de chumbo”, o período da ditadura foi marcado pela cassação de direitos civis, censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, torturas e assassinatos.

União para sair da crise

Sobre o momento atual, Villas Bôas defendeu a união nacional para o enfrentamento da crise. “Temos que recuperar a coesão nacional, colocar o interesse do País, da nação, acima de todas essas querelas que dominam o dia a dia hoje. Em relação a 64, houve duas diferenças básicas: primeiro era o período de Guerra Fria, com posições extremadas, e em 1964 o País não contava com instituições democráticas definidas. Hoje, o nosso País tem instituições desenvolvidas, com pesos e contrapesos que dispensam a necessidade de serem tuteladas”, ressaltou o comandante-geral do Exército.

O general também negou boatos de que a presidenta Dilma Rousseff teria cogitado decretar Estado de Defesa no País. “No Congresso, alguns deputados falaram sobre esse assunto. De parte da presidenta não houve essa iniciativa. Seria uma situação preocupante, mas difícil de ser implementada. Dificilmente ela conseguiria implementar, se cria uma situação extrema. [O Estado de Defesa] impediria manifestações, designaria que o Exército fosse empregado nas atividades onde as forças públicas não têm condições de fazer segurança”, explicou.

Ao encerrar o debate, Villas Bôas disse que é preciso encontrar caminhos para superar a crise política. “Estamos seguros de que a sociedade tem toda condição de superar essa crise, que é de natureza econômica, política e ética. Nós vemos que todos os parâmetros estão se esgarçando para baixo e estamos perdendo as nossas referências éticas, estéticas e me preocupam as discussões que se veem em busca dos caminhos para superar a crise. Essas discussões não têm profundidade, ficam no campo econômico. Me preocupa que coisas mais profundas, o alicerce de nosso País, não estão sendo consideradas.”

Durante a palestra, o comandante-geral do Exército destacou a atuação dos militares em áreas como a Amazônia e o Haiti, além do envolvimento da inteligência da força em questões de segurança nacional e projetos estratégicos desenvolvidos de ciência e tecnologia.


Comments

6 respostas para “Comandante-geral do Exército lamenta 1964 e refuta intervenção militar no Brasil”

  1. Avatar de Marcelo Luiz Correa
    Marcelo Luiz Correa

    Acho que esse Villas Boas está mais para otário do que para comandante, será que ele foi também nomeado para o cargo por Dilma ou outro petista? Foi marcante a intervenção militar de 64, sem ela o comunismo seria implantado no Brasil e de cima pra baixo, o erro dos milicos foi quererem se eternizar no poder e não term educado, de fato, o povo, preparando-o para cuidar do país e da democracia recém oferecida.

  2. Engraçado esses tais “anos de chumbo”… Quem viveu aquela época e não era nem bandido nem comunista, tem saudades.

  3. Avatar de Henrique Teixeira
    Henrique Teixeira

    Até onde li e procurei me informar sobre a Regime Militar Brasileiro, no inicio o Brasil teve um crescimento muito significativo. O discurso do comandante-geral do exercito, na minha opinião, não parece fazer sentido.

    1. Avatar de Lilo Moura
      Lilo Moura

      Refere-se ao “milagre brasileiro”? Está certo o General. Este início de desenvolvimento foi o motivo que levou às décadas perdidas, no Brasil e em todo o terceiro mundo atrelado ao bloco ocidental porque o preço daquilo estamos pagando até hoje na forma de juros arbitrários e absurdos.

    2. Avatar de palexandre
      palexandre

      Vc esta falando do “crescer o bolo pra depois repartir”? Estou até hoje esperando o meu pedaço.

  4. Avatar de Fernando Hottum
    Fernando Hottum

    Infelizmente as instituições brasileiras não estão funcionando, até porque do meu ponto de vista pessoal não temos instituições, temos organizações. A diferença entre uma e outra é a de que Instituições trabalham pelo bem coletivo, buscando agir com isenção; organizações trabalham por interesses pessoais ou cartelizados, que é o que temos no brazil desde sempre. O judiciário brasileiro, como interpreto dos fatos concretos que acontecem no meu país, é mero braço da organicidade oligárquica que condena o brazil à subserviência global. Não sou contra a globalização, mas desde que associada à Democracia, mas aqui, a Democracia DE FATO não interessa.

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