É com manobras que o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vem cristalizando sua atuação desde que a conduta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Casa, passou a ser avaliada. Depois de 184 dias, o processo mais longo da história do Conselho foi adiado mais uma vez, agora para a próxima terça-feira, dia 14 de junho.
A diferença agora é que a manobra foi contra Cunha, que mesmo distante do Congresso conseguiu articular apoios suficientes para vencer a votação. Cunha conseguiu convencer o PRB, do deputado Celso Russomanno (SP), a votar em seu favor.
O acordo recebeu aval do governo Michel Temer, informa o jornal Folha de S.Paulo. A decisão teria envolvido a cúpula ministerial do presidente interino, incluindo o ministro do Desenvolvimento e presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira.
É também do PRB a deputada Tia Eron (BA). Embora estivesse em seu gabinete durante todo o dia de ontem, não compareceu à sessão do Conselho de Ética. Sua decisão possibilitaria ao deputado aliado de Cunha, Carlos Marun (PMDB-MS), assumir o cargo. Assim, o placar ficaria em 11 a 9 em favor do peemedebista.
Diante da iminente vitória de Cunha, a cúpula do Conselho de Ética, que defende a cassação, decidiu cancelar a votação sob o argumento de que a Câmara precisa votar projetos de interesse do governo nesta quarta-feira (8). Espera com isso que a pressão sobre Tia Eron aumente até o dia da votação.
Cunha se irritou. Em nota oficial, disse que faltou “ética” ao presidente do conselho, José Carlos Araújo, chamado de “falso moralista”.
Mesmo que o Conselho de Ética vote pela cassação do parlamentar, a decisão final caberá ao Plenário da Câmara: em votação aberta, Cunha perderá o mandato se pelo menos 257 dos 512 deputados votarem “sim”.
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