Autores da representação no Conselho de Ética e principais críticos de Cunha na Câmara, os deputados do PSOL e da Rede Sustentabilidade aproveitaram a decisão do conselho e do Supremo Tribunal Federal desta quarta-feira (2), que aceitaram parcialmente a abertura de processo criminal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, para redobrarem os apelos pelo afastamento parlamentar de seu cargo.
“O STF já formando maioria considera que o deputado tem que virar réu de uma ação gravíssima”, disse Alencar (Psol-RJ). “Eduardo Cunha não nos representa e não pode presidir a Câmara dos Deputados […] presidir a Câmara nessas condições é uma vergonha para o parlamento brasileiro.”
Na sessão de ontem, dos 11 membros do STF, seis votaram favoravelmente à abertura do processo. A votação será retomada nesta quinta-feira (3).
Para o deputado Alessandro Molon (RJ), líder do Rede Sustentabilidade, as duas decisões reforçam a necessidade de afastamento do presidente da Casa. Molon lembrou ainda que os partidos já fizeram um pedido formal à Procuradoria Geral da República (PGR) solicitando o afastamento. “A nossa expectativa é que o Supremo enfrente essa questão [do afastamento cautelar de Cunha] assim que terminar a admissão da denúncia. Enquanto isso não ocorre, queremos que o presidente, para preservar a Casa do constrangimento dessas circunstâncias, se afaste da presidência e responda de fora a essas investigações”, argumentou.
Anunciando que falaria em nome da bancada do PT, o deputado Henrique Fontana (RS) também cobrou a saída de Cunha. “Estamos em nome da bancada do PT para pedir o imediato afastamento do deputado Eduardo Cunha da presidência da Casa”, disse. “Ele não tem nenhuma condição de continuar presidindo a todos nós”, emendou.
Líder do maior partido de oposição ao governo, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) subiu o tom e cobrou a renúncia de Cunha, em “beneficio da democracia, da nossa própria economia, dessa tragédia que o país está vivendo”. “Solicito de maneira clara que o presidente renuncie, será um gesto de grande importância para a Câmara”, defendeu.
Para o líder do PPS, Rubens Bueno (PR) a renúncia também é o melhor caminho para a instituição. “Para que a Câmara possa aliviadamente respirar e seguir o seu processo interno, para seguir democraticamente, de acordo com o regimento, de acordo com a proporcionalidade das bancadas e de seus partidos. Não podemos ficar à mercê de uma decisão dessa e continuar aqui, olhando, como se nada estivesse acontecendo”, afirmou.
Dentre os poucos que falaram a favor de Cunha, o deputado Laerte Bessa (PR-DF), disse que a abertura da ação penal contra Cunha não significa que ele é culpado e que será condenado. “Isso tem um processo que tem instrução criminal e lá, ao final de tudo, o senhor [Cunha] vai ser julgado se é culpado ou inocente”, disse. “Tá cheio de juiz na Casa”, apontou Bessa que também defendeu que Cunha, antes de ser julgado, tem “direito a ampla defesa”.
O próprio
. “Estou absolutamente tranquilo porque estou com a verdade, estou com a inocência, estou com a verdade. Eu não tenho nada com que me preocupar. Tornar réu não é sentença de ninguém. Tanto é que eu já fui réu em 2013 e fui absolvido por unanimidade em 2014. Querer me condenar por ter me tornado réu seria não me dar o direito de um julgamento correto, disse.
Com informações da Agência Brasil.
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