Dilma diz que governo Temer se ajoelha diante de Eduardo Cunha

A presidenta afastada DIlma Rousseff com José Eduardo Martins Cardozo -  Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta afastada DIlma Rousseff com José Eduardo Martins Cardozo – Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a presidenta Dilma Rousseff disse que “as razões do impeachment estão ficando cada vez mais claras. E elas não têm nada a ver com seis decretos ou com Plano Safra [medidas consideradas crimes de responsabilidade”.

Segundo Dilma, “Fernando Henrique Cardoso assinou 30 decretos similares aos meus. O Lula, quatro. Quando o TCU disse que não se podia fazer mais [decretos], nós não fizemos mais. O Plano Safra não tem uma ação minha. Pela lei, quem executa [o plano] são órgãos técnicos da Fazenda. Ou seja, não conseguem dizer qual é o crime que eu cometi. Em vista disso, e considerando a profusão de detalhes que têm surgido a respeito das causas reais para o meu impeachment, eu acredito que é possível [barrar o impedimento no Senado]”.

Na opinião da presidenta, “vários senadores, quando votaram pela admissibilidade [do processo de impeachment], disseram que não estavam declarando [posição] pelo mérito [das acusações, que ainda seriam analisadas]. Então eu acredito”.

Sobre os diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros, ela afirma que “eles mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a “sangria” continuaria. A “sangria” é uma citação literal do senador Romero Jucá. Outro dos grampeados diz que eu deixava as coisas [investigações] correrem. As conversas provam o que sistematicamente falamos: jamais interferimos na Lava Jato. E aqueles que quiseram o impeachment tinham esse objetivo. Não sou eu que digo. Eles próprios dizem”.

Dilma afirma que todas as tentativas que fez para reverter a crise econômica “foram obstaculizadas, tanto pela oposição quanto por uma parte do centro politico, este liderado pelo senhor Eduardo Cunha. Pior: propuseram as ‘pautas-bomba’, com gastos de R$ 160 bilhões. O que estava por trás disso? A criação de um ambiente de impasse, propício ao impeachment. Cada vez que a Lava Jato chegava perto do senhor Eduardo Cunha, ele tomava uma atitude contra o governo. A tese dele era a de que tínhamos que obstruir a Justiça”.

Ela sustenta que “fazer acordo com Eduardo Cunha é se submeter à pauta dele. Não se trata de uma negociação tradicional de composição. E sim de negociação em que ele dá as cartas. Jamais eu deixaria que ele indicasse o meu ministro da Justiça [Alexandre de Moraes, ex-advogado de Cunha]. Jamais eu deixaria que ele indicasse todos os cargos jurídicos e assessores da subchefia da Casa Civil, por onde passam todos os decretos e leis”.

E acrescenta: “Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura [deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara]. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha. Vão ter de se ajoelhar”.

 


Comentários

Uma resposta para “Dilma diz que governo Temer se ajoelha diante de Eduardo Cunha”

  1. Avatar de Leandro Jacques
    Leandro Jacques

    Dilma falou muito bem!! E aí está a prova, é um golpe em curso! As gravações provam isso claramente!

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