Dilma faz hoje sua defesa no Senado esperando reverter até 13 votos

Presidente afastada, Dilma Rousseff, durante Encontro com Movimentos de Mulheres no Palácio da Alvorada - Foto: Roberto Stuckert Filho PR (Arquivo)
Presidente afastada, Dilma Rousseff, durante Encontro com Movimentos de Mulheres no Palácio da Alvorada – Foto: Roberto Stuckert Filho PR (Arquivo)

A presidenta afastada Dilma Rousseff vai ao Senado nesta segunda-feira (29) se defender das acusações de ter cometido crime de responsabilidade. Ela disse estar se sentindo segura e confiante, bem como disposta a responder sem restrição de tempo aos questionamentos dos parlamentares.

A presidenta afastada Dilma Rousseff, que se encontrava reunida com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) no Palácio do Alvorada, conversou – por telefone – na noite de hoje (28) com senadores contrários ao impeachment. Eles estavam reunidos no apartamento da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em Brasília. “Acho melhor esgotarmos a discussão até o tempo que for necessário”, disse Dilma aos senadores, indicando que a sessão no Senado pode se estender pela noite e madrugada. A presidenta afastada terá 30 minutos para sua defesa em plenário. Depois, cada senador inscrito, mais de 40, terá cinco minutos para fazer perguntas.

“Perguntada se sentia confiante, Dilma respondeu que estava”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que participou da conversa. Ele confirmou que Lula estava reunido com Dilma no Palácio da Alvorada na noite deste domingo.

Indecisos

Os senadores contrários ao impeachment buscaram, ao chegar à reunião, demonstrar confiança em conquistar os votos dos parlamentares indecisos. Primeiros a chegar, a senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM) e o senador Paulo Paim (PT-RS) contabilizaram oito votos reversíveis, que podem chegar a 13.

“É possível reverter todos esses votos”, disse Vanessa. “Uma vez alguns votando, podemos chegar até a 32 (contra o impeachment)”, afirmou ela.

“Tem senador conversando com Dilma, tem senador conversando com Temer”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele afirmou ter confiança de que o discurso de Dilma amanhã será capaz de mobilizar a sociedade, sendo um “ponto de virada” no convencimento de senadores que ainda não declararam voto. “A sessão de amanhã vai ser muito tensa, um momento dramático da história do país… a gente acha que vai ser um discurso de grande impacto na opinião pública.”

Perguntas

A reunião na casa de Lídice da Mata teve como objetivo afinar os questionamentos que serão feitos a Dilma pelos senadores contrários ao impeachment. O grupo deve deixar questões técnicas de lado e apostar no aspecto emocional da presidenta, fazendo perguntas “simples, mas abrangentes”, segundo Vanessa Grazziotin. “Pretendo perguntar como ela se sente diante de todo esse processo”, revelou Randolfe.

Num último empenho de negociação com a base governista do presidente interino, Michel Temer, o grupo de defesa de Dilma tenta fazer com que sejam intercaladas as falas de parlamentares favoráveis e contrários ao impeachment no momento em que terão oportunidade de fazer questionamentos à presidenta.

Pela ordem de inscrição, há um bloco de 12 senadores favoráveis ao impeachment em sequência antes que algum parlamentar contrário ao impedimento volte a falar. “Isso é ruim para nós e ruim para eles, acredito que será possível quebrar isso, intercalar, como é o costume no parlamento”, disse Vanessa Graziotin.

O Rito

Depois da fala de Dilma, terão início os questionamentos dos senadores. Cada parlamentar terá até cinco minutos para fazer perguntas. O tempo de resposta de Dilma é livre e não será permitida réplica e tréplica. Dilma também poderá deixar de responder às indagações dos parlamentares. Mais da metade dos 81 senadores já se inscreveram para questionar Dilma Rousseff.

O depoimento de Dilma será acompanhado no plenário por cerca de 30 convidados dela. Entre eles estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo, além de assessores e outras pessoas próximas. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou à disposição da acusação de Dilma o mesmo número de cadeiras que disponibilizou para a petista.

A expectativa é de que a o depoimento dure todo o dia e se estenda até parte da noite. Os senadores que apoiam o impeachment garantem que não haverá enfrentamentos, mas que irão fazer todos os questionamentos. Eles entendem que o comparecimento da presidenta afastada ao plenário não mudará os votos dos senadores.

Os parlamentares contrários ao impeachment, no entanto, acreditam que a fala dela vai mudar votos. O senador Lindberg Farias (PT-RJ) disse que os aliados de Dilma estão depositando todas as esperanças no depoimento. “Acho que vai ser um dia em que o Brasil vai parar. Acho que a presidenta pode mostrar ao país que está sendo vítima de uma injustiça e que não há crime de responsabilidade. Acho que é um dia que pode virar o jogo”, afirmou.

*Com Agência Brasil


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