“É um ato histórico”, diz viúva de Vladmir Herzog

Após 37 anos de luta, a família de Vladmir Herzog viu, nesta sexta-feira dia 15, corrigida uma dolorosa injustiça. Após decisão judicial, o atestado de óbito expedido em 25 de outubro de 1975 que informava que o jornalista teria se suicidado e que a causa da morte era “asfixia mecânica por enforcamento” foi revisado. Um novo atestado, indicando que Vlado, como era conhecido, foi assassinado durante o interrogatório por agentes do regime militar foi entregue hoje à viúva, Clarice Herzog, pela Comissão Nacional da Verdade.

“É uma conquista da sociedade. Várias famílias vão ter esse direito. Nunca tínhamos tido um reconhecimento da União. É um ato histórico”, disse Clarice.

A tese de suicídio, sustentada durante anos pelos militares, era considerada uma afronta aos direitos humanos, à família e à memória do jornalista. Uma foto de Vlado morto na cela de joelhos com uma corda em volta do pescoço, tornou-se símbolo da luta pela justiça contra a ditadura.

De acordo com o novo atestado, “lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do 2º Exército (DOI-Codi)” foram a causa mortis. A família recebeu o documento das mãos de Rosa Cardoso, integrante da Comissão Nacional da Verdade, em cerimônia no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.

“A família, durante 37 anos, cinco meses e 20 dias, foi humilhada com um documento mentiroso”, disse Ivo Herzog, filho de Vlado na ocasião. “A luta continua. A gente quer ainda que sejam investigadas as circunstâncias em que meu pai morreu. Essas pessoas têm que ser identificadas.”, completou.

Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador da Comissão da Verdade, afirmou que o documento reforça que a batalha travada pelas famílias e comissões de direitos humanos contra os crimes cometidos pela ditadura militar não foi em vão. “O fato de hoje haver a Comissão da Verdade é uma demonstração de que estamos caminhando nessa direção”, disse.


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