Mesmo em quarto lugar nas intenções de voto da pesquisa Datafolha, com 12% dos votos, o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, provavelmente vai ao segundo turno do pleito municipal do ano que vem. O motivo: o grande volume de candidaturas que vão desembocar em dois campos, os da oposição e os da situação ao governo. Essa é a análise do cientista político e diretor acadêmico da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Aldo Fornazieri.
Nos dados divulgados nesta terça-feira (3), o deputado federal Celso Russomanno, do PRB, aparece como líder de intenções de voto para a prefeitura, com 34% dos votos, contra 13% do apresentador de televisão José Luiz Datena, do PP; 13% da senadora Marta Suplicy (PMDB) e 12% de Haddad, do PT. Vale destacar que os nomes ainda não estão confirmados pelos partidos para o pleito. A pesquisa foi feita de forma que os entrevistadores entregaram uma lista de nomes aos ouvidos e, então, pediram suas respostas. O Datafolha ainda mostrou que, abaixo do primeiro pelotão, nomes como o do deputado federal Marco Feliciano (PSC), com 4%, do vereador Andrea Matarazzo (PSDB) e do empresário João Doria Jr. (PSDB), com 3%, também aparecem como opções.
“Eu entendo que Haddad vai para o segundo turno por causa dos dois campos que serão criados: o do governo e o da oposição. O fato de surgir muitas candidaturas vai favorecer o atual prefeito, mesmo com a Marta Suplicy na disputa, porque ela vai disputar com todos os outros também. O Haddad tem 15% de aprovação do governo e 34% de pessoas que consideram seu trabalho regular. Ele tem que crescer em cima dessas pessoas que consideram o governo regular”, disse Aldo. “Se você olhar a avaliação das políticas públicas, que são polêmicas e provocam discussão na cidade, a maioria é favorável. Esse é um dado muito importante. Na campanha eleitoral o Haddad vai ter tempo para explicar de forma racional as medidas que estão sendo tomadas. Ele vai convencer o paulistano sobre essas medidas inovadoras e a tendência é que essas explicações se consolidem em votos”, completou.
Aldo, no entanto, acredita que a posição de Russomanno na última pesquisa pode colocá-lo à frente do campo da oposição ao atual prefeito paulistano. “Ele [Russomanno] sai na frente, mas veja o seguinte: em 2012 ele foi inconsistente. Estava na frente até do José Serra [candidato à prefeitura de São Paulo naquele ano, pelo PSDB] e depois desandou porque a apresentação do seu programa foi inconsistente. A pergunta é: ele amadureceu? Se sim, pode apresentar um programa que sustente a sua liderança e ir para o segundo turno com o Haddad. Só vamos ver isso durante a campanha”, afirmou.
Com 13%, o apresentador da Band, José Luiz Datena, apareceu na vice-liderança da pesquisa. Localizado no campo da oposição ao atual prefeito, Aldo acredita que, por um lado, ele pode tirar votos de outros candidatos do mesmo campo, mas por outro, tende a ser um fenômeno passageiro. “Ele pode tirar votos do Russomanno, mas também pode ser um fenômeno momentâneo. A tendência é que esses candidatos mostrem inconsistência na hora de apresentar um programa para governar uma cidade complexa como São Paulo. O eleitor está em busca de candidatos racionais”, finalizou.
Para participar das eleições, os partidos políticos devem ter seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até um ano antes da eleição. A data dos pleitos pelas cidades brasileiras ainda não foram confirmadas pelo tribunal, mas devem acontecer no dia 2 de outubro de 2016.
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