Manifestantes ocupam a Paulista em protesto contra Temer

Manifestação contra o governo Temer na avenida Paulista - Foto: O ex-presidente Lula deve participar da manifestação contra Michel Temer na Avenida Paulista - Foto: Elaine Patrícia Cruz/Agência Brasil
Manifestação contra o governo Temer na avenida Paulista – Foto: Elaine Patrícia Cruz/Agência Brasil

Em São Paulo, os manifestantes ocuparam a avenida Paulista na tarde deste domingo (4). A concentração começou por volta das 15h em frente ao Masp, liderada pela Frente Brasil Popular (integrada pela CUT e pelo MST) e pela Frente Povo Sem Medo, que reúne mais de 30 movimentos sociais, entre os quais o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

“Ontem o presidente golpista do Brasil disse que a nossa manifestação teria 40 pessoas. Aqui estão as 40 pessoas, já somos quase cem mil na avenida Paulista”, discursou Guilherme Boulos, do MTST: “Melhor seria estar ao lado de 40 manifestantes do que em um governo de 40 ladrões”. Também compareceram à manifestação o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), candidata a prefeita de SP. Ambos foram muito aplaudidos.

Também presente à manifestação na Paulista, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ironizou a declaração do atual presidente Michel Temer (PMDB) na China, na última sexta (2), quando disse que os protestos eram feitos apenas por “40 pessoas que quebram carro”. Lindbergh continuou: “Eu quero agradecer a ele porque ajudou a convocar esta grande manifestação em São Paulo com a declaração. Está parecendo o Collor em 92, que pediu para o povo ir de verde e amarelo e o povo foi de preto. Eu quero agradecer a este golpista”, disparou Lindbergh.

Neste domingo, os organizadores contabilizaram mais de 100 mil pessoas. A avenida Paulista contava com manifestantes por toda a extensão, com maior concentração na área do Masp, entre a praça do Ciclista e a avenida Brigadeiro Luis Antônio. Lindbergh diz que o povo não sairá da rua: “A palavra é Diretas Já. Nós não vamos sair da rua enquanto o Temer não sair do Planalto”, afirmou o senador.

A PM não fez até agora uma estimativa do número de manifestantes. O Datafolha também não fez nenhuma medição. O instituto teve a sua credibilidade abalada desde que divulgou uma pesquisa que apontava que apenas 3% dos brasileiros pediam a realização de novas eleições. O instituto passou a ser contestado porque a taxa era muito diferente da apurada pelo Ibope e por outros organismos. Descobriu-se em seguida que o Datafolha omitiu a informação de que, na realidade, 62% dos brasileiros defendiam novas eleições.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o protesto vai até o largo da Batata, em Pinheiros. “Queremos movimento, que as pessoas sigam atrás da gente”. 

“Vim juntar a minha voz àquelas que estão lutando por democracia”, afirmou a cartunista Laerte Coutinho. Laerte diz esperar que, ao contrário das manifestações anteriores, não haja confronto com a polícia. “Mas a violência contra as manifestações pela democracia não tem nada a ver com Black blocs ou vandalismo, é programada.” “Vocês podem ter certeza que da nossa parte não surgirá nenhum pretexto para repressão policial”, disse Boulos. “Queremos Diretas Já, é lamentável 30 anos depois o povo ter de voltar à rua pelo mesmo motivo”.

Manifestação contra Temer no Rio de Janeiro - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Manifestação contra Temer no Rio de Janeiro – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

No Rio de Janeiro, os manifestantes fizeram uma passeata na zona sul para pedir a saída de Michel Temer. O ato começou às 11h na praia de Copacabana e chegou no início da tarde a Botafogo. A Polícia Militar não quis estimar o número de presentes. Os organizadores calcularam a presença de 8.000 pessoas. A caminhada foi pacífica, aos gritos “Fora, Temer” e “O povo é que tem que decidir”, em defesa da realização de novas eleições presidenciais. O ato foi apoiado pelas centrais sindicais CUT e CTB e por partidos de esquerda. A deputada Jandira Feghali, candidata do PC do B a prefeita do Rio, também participou.

Victor Guimarães, representante do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), disse que cresce nas ruas o movimento de resistência, apesar do boicote da mídia. Guimarães acredita que as pessoas estão atentas a retrocessos nas politicas públicas e direitos sociais. Como exemplo, cita a reforma trabalhista, em discussão no governo e o corte no Programa Minha Casa, Minha Vida.

“Na primeira semana de interinidade já suspenderam com uma canetada a contratação de dez mil moradias nos país”, afirmou. “Dez mil famílias inteiras tiveram o sonho da moradia interrompido por uma canetada. Até hoje, não chamaram a gente para negociar,  eles não conversam”, afirmou. 

Em Salvador, houve uma caminhada do Campo Grande ao Farol da Barra. A concentração começou por volta das 15h e, às 16h40, os manifestantes iniciaram uma caminhada em direção ao Farol da Barra, passando pelo Corredor da Vitória: “Essa manifestação é contra esse governo que nós não reconhecemos, esse governo golpista que não foi eleito pelo povo. É a manifestação paralela a movimentos em outros estados do país. Protestamos hoje, entre outras coisas, contra o corte de direitos trabalhistas, a redução dos investimentos na política de educação. Queremos hoje mais uma vez lutar pela democracia”, afirmou Cedro Silva, da CUT.

Também foram realizadas manifestações no Recife (na Praça do Derby ), Curitiba (na praça 19 de Dezembro), Porto Alegre (no auditório do Cpers) e João Pessoa (no Lyceu Paraibano). 

 


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