Michael Löwy: “Crescimento de Aécio exprime tendência conservadora”

Crédito: Luiza Sigulem/Brasileiros.
Crédito: Luiza Sigulem/Brasileiros.

O sociólogo brasileiro Michael Löwy, crítico severo do capitalismo, defende, neste segundo turno, o voto na reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Ele diz considerar justo o apoio à candidata do PT, apesar das críticas que faz ao governo. “Ela fez concessões demais aos bancos, ao agronegócio, ao capital. Mas a diferença entre Dilma e seu adversário é que ele é o representante direto da oligarquia financeira, capitalista e parasitária, o que seria uma regressão.”

No primeiro turno, Löwy apoiou Luciana Genro, do PSOL. “Ela representava mais as minhas ideias, de alguém que é anticapitalista e defende causas satanizadas pela mídia, como direitos humanos, direito aos homossexuais, aborto, contra a violência policial. Uma campanha corajosa, digna.”

Löwy, no entanto, frisou que seu apoio a Dilma é de alguém que “está fora do processo político, a opinião de um brasileiro que vive no exterior”.

Radicado na França desde os anos 1960, Michael Löwy está no Brasil para ministrar aulas na Universidade de São Paulo e divulgar seu mais recente livro, A Jaula de Aço, pela Editora Boitempo, em que destaca pontos em comum entre os teóricos alemães Karl Marx e Max Weber. Resumidamente, de acordo com o sociólogo, os dois têm afinidades na conhecida expressão de Weber, “jaula de aço”, na qual o indivíduo moderno permanece enclausurado.

Em Paris, Löwy trabalha no Centro Nacional de Pesquisas Científicas, que reúne um corpo de pesquisadores em todos os ramos das ciências naturais e sociais. Preocupado com a crise da esquerda na Europa, ele vê que o Brasil também vive uma tendência ao conservadorismo, mas nada que se compare ao cenário europeu. “A expressão mais flagrante aqui foi o voto para deputado federal. A Assembleia atual é a mais direitista desde 1964, e o crescimento excepcional de Aécio Neves exprime esse conservadorismo.”

Em entrevista à reportagem da Brasileiros, que você poderá ler na íntegra na edição de novembro, Löwy falou de seu novo livro, da ascensão e permanência de governos progressistas na América Latina e o ecossocialismo, ideia que defende para reprimir a “catástrofe” do capitalismo.

 


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