O PSOL entregará à Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira (23), um pedido de prisão do atual ministro do Planejamento e senador licenciado, Romero Jucá (PMDB-RR), pelos áudios divulgados nesta segunda-feira (23) em que afirma que, junto ao impeachment, seria construído um pacto para estancar as investigações da Operação Lava Jato.
A gravação, de 1h15min em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi feita semanas antes da votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados. De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na conversa, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, cobra, nervoso, de Jucá uma providência para que seu processo, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal), não fosse parar na vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba. “Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu ‘desça’? Se eu ‘descer’…”, ameaçou.
Para o presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, as gravações não deixam dúvidas de que houve uma operação abafa na Lava Jato em troca da aprovação do impeachment. “O PSOL não reconhece Temer como presidente e nem os corruptos que o acompanham. O minimo que a PGR deve fazer é pedir a prisão de Jucá. O mínimo que O STF deve fazer é acatar o pedido.”
Na gravação, Jucá concordou com o interlocutor que novas delações não deixariam “pedra sobre pedra” e que ninguém ali poderia ficar “na mão desse [Moro]”. “Eu acho que a gente precisa articular uma ação política”, sugeriu o atual ministro, que recomendou a Machado que se reunisse com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Para convencer o executivo, Jucá afirmou que um futuro governo Temer construiria um pacto nacional “com o Supremo, com tudo”. Machado emendou: “Aí parava tudo”, no que respondeu Jucá: “É. Delimitava onde está, pronto.”
Entrevista
Em entrevista coletiva, Jucá negou qualquer disposição em obstruir as investigações da Polícia Federal. Em coletiva para discutir a denúncia, afirmou que sua permanência no cargo é decisão exclusiva do presidente interino Michel Temer.
Juca afirmou que tudo o que foi conversando com o senador Sérgio Machado foi distorcido, posto “fora do contexto dado pela Folha de S.Paulo“. “Meu emprego não é de ministro. Estou ministro, sou senador da República eleito pela terceira vez.”
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