A eleição do substituto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados rachou a base de apoio do presidente interino, Michel Temer. Até sexta-feira (8), cinco deputados já tinham registrado suas candidaturas: Fábio Ramalho (PMDB-MG), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Manato (SD-ES) e Marcelo Castro (PMDB-PI). Outros sete candidatos, todos da base governista, também pretendem concorrer ao cargo.
A fragmentação e a descoordenação da base aliada surpreenderam o Planalto: Temer trabalhava com a hipótese de ter entre três ou quatro candidatos da base, mas não mais do que dez. O problema é que os partidos que se alinharam a Temer na época do impeachment de Dilma Rousseff não conseguem chegar a um nome de consenso. Desde que Eduardo Cunha foi afastado, os partidos da coalizão pró-impeachment vêm se dividindo cada vez mais. Na verdade, eles não conseguem se entender nem mesmo sobre a data em que deve ser realizada a nova eleição.
O chamado “centrão”, grupo que congrega partidos pequenos e médios, como PP, PSD e PSC, queria que a eleição ocorresse na terça-feira (12), no mesmo dia em que está prevista a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em que o colegiado decidirá se acata recurso de Eduardo Cunha contra a recomendação de sua cassação.
A proposta, porém, desagrada a partidos como o PSDB, DEM, PPS e PSB. Para esses partidos, a sobreposição dos dois eventos –a nova eleição e a sessão da CCJ – seria interpretada como uma tentativa de postergar ou tumultuar a reunião da comissão sobre Cunha. Por isso, o PSDB queria que a nova eleição ocorresse, no mínimo, na quarta-feira (13).
Na sexta, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), revogou a deliberação do colégio de líderes partidários de realizar a sessão extraordinária para a escolha do novo presidente da Casa na terça e marcou a eleição para a próxima quinta (14). A decisão tem o apoio do DEM. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos candidatos à presidência da Casa, diz que o regimento garante a Maranhão a prerrogativa de estipular quando ocorrerá a sessão da nova eleição.
O interino da Câmara tem insinuado que usará o tempo que lhe resta para levar a plenário ainda na próxima semana a votação sobre a cassação de Cunha, se o recurso apresentado pelo deputado afastado à CCJ não prosperar. Para valer sua determinação, Maranhão demitiu na sexta o secretário-geral da Casa, Silvio Avelino, que era ligado a Cunha.
Rodrigo Maia é visto como um dos quatro favoritos para a disputa. Além dele, estão na lista Fernando Giacobo (PP-PR), Beto Mansur (PRB-SP), Rogério Rosso (PSD-DF), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Cristiane Brasil (PTB-RJ). A profusão de candidatos preocupa o Planalto, que não imaginava que a base estivesse tão fragmentada.
Temer sinaliza que não tem um preferido para suceder Cunha, para não agravar ainda mais a divisão na sua aliança. Seus auxiliares, contudo, afirmam que veem “com simpatia” os nomes de Rogério Rosso e José Carlos Aleluia (DEM-BA). O Planalto diz que não se envolverá na disputa.
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