O time é de peso, tem espaço na mídia e a admiração de grande parte da sociedade brasileira. Mas, neste momento, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos, reunidos em torno do grupo “Procure Saber”, estão causando a indignação de muitos de seus fãs e de um setor expressivo da intelectualidade brasileira. O motivo já é conhecido: a tentativa dos músicos de barrar (censurar?) a publicação de biografias que não tenham autorização dos biografados ou de seus herdeiros.
Porta-voz do grupo, a polêmica Paula Lavigne explicou, ao jornal Folha de S.Paulo, a motivação da causa: “Corremos o risco de estimular o aparecimento de biografias sensacionalistas, em um País em que a reparação pelo dano moral é ridícula”. Em nota enviada ao jornal O Globo, Djavan disse que a liberdade de expressão pode causar injustiças “à medida que privilegia o mercado em detrimento do indivíduo”. Os artistas defendem, nessa linha, que os biografados devem ser pagos, já que são o assunto da obra que irá gerar lucros.
Do outro lado da discussão está a Anel (Associação Nacional dos Editores de Livros), que move no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando os dois artigos do Código Civil que impedem a publicação sem a anuência prévia dos biografados ou de seus herdeiros. Para a entidade, as normas atuais violam a liberdade de expressão e o direito à informação.
Rapidamente o assunto virou um dos mais comentados nas redes sociais, resultando em longas discussões e na publicação de artigos de importantes figuras públicas e jornalistas. Lavigne e a colunista da Folha Mônica Bergamo travaram uma das discussões mais acaloradas, após a jornalista dizer que Lavigne pediu para ler a reportagem da Folha antes dela ser publicada. O papo acabou com o seguinte post de Lavigne: “Monica deixa ser chata e recalcada. Eu nem vi de quer era o perfil! Vc nao tem mais o q fazer nao! Mulher encalhada é foda!!!” (sic).
Por fim, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se manifestou contra a proibição da publicação das biografias não autorizadas. Para ele, isso representa um tipo de censura, o que é inadmissível no Estado de Direito. “Temos que garantir a livre expressão e a livre circulação de ideias e informação. Se isso for violado de alguma maneira, o Judiciário pode reparar”, declarou.
Com acidez e humor, os sócios da editora MojoBooks deram uma das respostas mais criativas à polêmica. Criaram no Facebook uma página que se propõe a fazer “a mais pirata e coletiva biografia não autorizada de Caetano Veloso”. O espaço recebe colaborações de usuários, que podem enviar links de matérias, fotos e quaisquer outros conteúdos sobre a vida do compositor. Sem ordem cronológica. Ricardo Giassetti explica que a intenção da editora é reconstruir a vida dele na timeline da rede social, organizar tudo e lançar uma biografia não autorizada em forma de e-book gratuito.
Você concorda com Caetano, Gil, Milton e Roberto Carlos, entre outros aristas, que querem que as biografias recebam autorização prévia para serem publicadas? Vá à parte inferior da nossa home e dê a sua opinião.
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