50 anos sonhando

Há 50 anos, no dia 28 de agosto de 1963, acontecia em Washington DC, capital dos Estados Unidos, a Marcha por Trabalho e Liberdade. Naquele dia, mais de 250 mil pessoas se reuniram para ouvir o sonho de Martin Luther King, o reverendo e ativista que lutava por justiça e igualdade.

O discurso foi um dos momentos mais marcantes da luta dos negros norte-americanos por direitos civis das décadas de 50 e 60 e é considerado um dos mais importantes da história do século XX. No ano seguinte, em 1964, o Congresso norte-americano aprovou a Lei dos Direitos Civis proibindo todas as formas de discriminação a minorias, sejam elas étnicas, religiosas ou de gênero. Martin Luther King foi considerado o homem do ano em 1963 pela revista Time e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1964 depois.  

Hoje, 50 anos mais tarde, no dia 28 de agosto de 2013, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos discursa no evento que celebra o aniversário da marcha em Washington. Enquanto isso, um em cada 12 homens nas cadeias norte-americanas são negros – brancos tem a proporção de um em cada 87. Mais de 70% dos moradores de rua no País são afrodescendentes. E o número de negros que conseguem concluir o ensino médio nos Estados Unidos não aumenta desde o começo da década de 1990.

Por aqui, 60% da população carcerária é negra. Mais de 80% das crianças afrodescendentes de até 3 anos não têm acesso a creches. Mais da metade dos homicídios registrados nos últimos dez anos é de jovens negros pobres e habitantes da periferia, esse dado aumentou em 30% no período, enquanto o número de assassinatos a brancos diminuiu em 26%. No início do ano, estudantes da faculdade de direito da Universidade Federal de Minas Gerais pintaram uma caloura com tinta preta, a amarram com correntes e a classificaram como Xica da Silva.

Ontem, 27 de agosto, o Brasil foi palco de mais manifestações racistas com a reação de parte da população à vinda de médicos cubanos pelo programa Mais Médicos. O médico, Juan Delgado, foi hostilizado por um grupo de brasileiros que o chamaram de escravo. A colunista Eliane Cantanhêde publicou que os médicos vieram em um “avião negreiro”, e a “jornalista” Micheline Borges declarou em seu Facebook que as médicas cubanas têm cara de “empregada doméstica”.


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