“Numa noite, a alma do vinho assim cantava nas garrafas: homem, ó deserdado amigo, eu te compus, nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas, um cântico em que há só fraternidade e luz!”
No trecho do poema de Baudelaire A Alma do Vinho, a garrafa é citada como prisão, mas na realidade significou a libertação para o mundo do vinho.
À prova do tempo
Tendo em vista que as garrafas resistentes de vidro só surgiram no final do século XVII com a Revolução Industrial, dá para imaginar como era complicado o transporte e a conservação do vinho antes das garrafas. Não era possível guardar o vinho por longos períodos de tempo, como fazemos hoje. O líquido oxidava muito rápido, principalmente depois que eram abertos os grandes tonéis nos quais eram guardados na Idade Média.
No escuro
Várias teorias surgem em torno da capacidade das garrafas de vinho, isto por causa da demora em se estabelecer um padrão. Quanto à sua coloração escura, é imprescindível para proteger o líquido da luz, a vilã para a boa evolução do vinho, pois a claridade apressa o processo oxidativo.
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É nesta prisão de vidro e lacre que te dou a liberdade de voar mais alto e distante, cruzando continentes e encantando ainda mais paladares mundo afora.
*Gabriela Monteleone é graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier do restaurante Gero, em São Paulo.
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