Alberto Breccia é tema de exposição na Panamericana

Foto: Reprodução
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Alberto Breccia (1919-1993) nasceu no Uruguai mas, aos 3 anos de idade, começou a virar argentino. Em Buenos Aires, passaria toda a sua vida e se tornaria em todo o mundo um dos mais influentes autores de histórias em quadrinhos de todos os tempos. Ganhou notoriedade por ter feito grandes inovações gráficas em preto e branco e em cores, com séries como Un tal Daneri e Chi ha paura delle fiabe?, escrito por Carlos Trillo. Não foi menos inovador com a sátira que fez baseada nos contos dos Irmãos Grimm, em jogou com textura, mistura de colagens e o uso do acrílico e da aquarela. Esta técnica seria utilizada mais tarde na década de oitenta por autores anglo-saxões, como Bill Sienkiewicz e Dave McKean, respectivamente, nas obras-primas Elektra, além da adaptação de Moby Dick, e de Sandman.

A partir da próxima segunda, dia 6, a Panamericana Escola de Arte e Design apresenta uma exposição com mais de 70 obras de Breccia, entre originais e tiragens, que apresentam uma parte do trabalho do desenhista que revolucionou a forma de se fazer HQs. As ilustrações fazem parte do acervo permanente da instituição e foram doadas pelo próprio artista, que lecionou, em 1955, na Escuela Panamerinaca de Artes, em Buenos Aires. “Seus desenhos traduzem o espírito livre que deveria reger todo o artista em formação. Foi Breccia quem glorificou o conceito ‘Escola de Criação Profissional’”, afirma Enrique Lipszyc, artista plástico e presidente da Panamericana. O artista desenvolveu um estilo bem particular, que prima pelo jogo de contraste, luz, sombra, composições, textura e elementos tratados de forma minimalista para ajudar a criar tensão e certo mistério em suas histórias. Ele se destacou também pela forma como representava a passagem do tempo, através da repetição de quadrinhos, e pelo uso de aproximações de enquadramento, elipses e espaços positivos para sugerir movimento ao desenho. Tanto que Frank Miller, o consagrado desenhista norte-americano, criador de Sin City, considera que as HQs são divididas antes e depois de Breccia.

O público que visitar a exposição na matriz da Panamericana, na Avenida Angélica, poderá conferir, por exemplo, quadrinhos da obra “O Coração Delator”, inspirada em um relato do escritor Edgar Allan Poe, no qual se destacam expressões exatas e mínimas para garantir a descrição necessária aos personagens. A série “Buscavidas”, com 13 histórias expressionistas, que retratam a miséria humana, também estarão presentes na mostra, assim como as sagas “Sherlock Time”, “Mort Cinder” e “Perramus”, série de quatro grandes histórias, criadas ao longo de 10 anos, que retrata a América Latina, em especial a Argentina, durante o período da ditadura. “Nossa ideia é homenagear esse grande gênio dos quadrinhos, mas, principalmente, levar o trabalho de Breccia para os fãs de arte e ilustração e também para quem não conhece seus desenhos, que traduzem o espírito livre que deveria reger todo artista”, diz Lipszyc.

A exposição poderá ser visitada até o dia 22 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 21h, e sábado, das 9h às 12h. Fechado aos domingos e feriados. Grátis

Serviço – Alberto Breccia
Panamericana Escola de Arte e Design – Avenida Angélica, 1900 – Higienópolis
(11) 3887.4200
De 06 a 22 de outubro


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