Os paulistanos estão começando a descobrir que andar a pé pela cidade é mais rápido do que enfrentar o trânsito cada dia mais congestionado, que inferniza a vida de todos nós, tanto de quem tem carro como dos que utilizam o nosso precário transporte público. Além de ganhar tempo trocando as rodas pelas pernas, ajudamos a combater outra chaga da metrópole: a poluição do ar cada vez mais irrespirável.
Basta sair bem cedo de casa para ver multidões de paulistanos indo a pé para o trabalho ou a escola. Reportagem do jornal Agora (a versão popular da Folha) nos mostra com números o que se pode constatar na prática a olho nu:
“Trajeto de apenas dois quilômetros na avenida M’Boi Mirim é feito por ônibus em 35 minutos. Caminho a pé é feito em 29 minutos”.
Desde que mudei de bairro e passei a trabalhar mais em casa, faz cinco anos, minha vida de paulistano melhorou da água para o vinho e passei a conviver melhor com as mazelas da metrópole. Troquei a paz das ruas calmas e arborizadas do Butantã, onde morei por quase trinta anos, e passava boa parte do dia no trânsito, pelo movimentado e barulhento Jardim Paulista, mas uma coisa compensou a outra: agora, posso fazer quase tudo que preciso a pé, no raio de uns poucos quarteirões. Só pego o carro para sair da cidade nos finais de semana.
Claro que nem todo mundo pode ter o privilégio de trabalhar em casa, embora cada vez mais gente esteja fazendo ou pensando em fazer isso, mas procurar um emprego o mais próximo possível de onde mora passa a ser o grande desafio do paulistano obrigado a cruzar a cidade entre a moradia e o trabalho.
Por mais que o poder público invista em viadutos, avenidas e rodoanéis, a conta não fecha porque a cada dia entram mil carros novos em circulação na cidade, agora com quase todo mundo podendo comprar seu possante em prestações a perder de vista. E o metrô paulistano, apontado por todos como a grande solução, ainda beneficia pequena parte dos paulistanos, vive superlotado e cresce a passos de tartaruga.
Também não adianta colocar novos ônibus em circulação porque simplesmente não terão por onde trafegar e irão deixar o trânsito ainda mais congestionado nos horários de pico que, na verdade, hoje tomam o dia inteiro. Está próximo de se concretizar a profecia de um velho motorista de táxi do ponto aqui ao lado de casa, que vive repetindo: “Está chegando o dia em que o trânsito da cidade vai dar um nó e ninguém mais sairá do lugar”.
Algum leitor do balaio teria a solução mágica para desatar este nó e evitar que este dia chegue?
Em tempo: fui alertado agora para uma outra grande vantagem de se andar a pé: é muito bom para a nossa saúde. Faz bem para o coração e, principalmente, para os gordos, como eu, que precisam perder a barriga. Além de tudo, sai mais barato: não é preciso gastar com prestação, gasolina, estacionamento, pedágio, seguros, inspeção veicular e todas as taxas e impostos cobrados de quem anda de carro. Pelo menos, por enquanto
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