UM DOCE AMARGOR
Chamado de bitter, de maneira genérica, ou de amaro, quando se trata da bebida produzida especificamente na Itália, esse licor natural nasceu dentro dos mosteiros e foi durante muito tempo utilizado como remédio pelos boticários do século XIX, para doenças ligadas à má digestão. Feito a partir de um líquido, alcoólico ou não, ele ganha seu charme quando recebe ervas, cascas de frutas, raízes e flores adicionadas e nele infusas. No mercado nacional, podemos encontrar o siciliano Averna, o Fernet Branca, o Amaro Nonino, o alemão Underberg, o venezuelano Angostura, utilizado como tempero, além do Campari e do Carpano. Sua peculiar coloração caramelo aporta mistério, como se bebêssemos algo transgressor. Perfumado com notas canforadas, herbáceas, florais e cítricas, revela toda a ambiguidade envolta por essa infusão, com um ataque amargo, seguido por um meio de boca refrescante e mentolado, arrematados com maestria por uma doçura sedutora. Os bitters podem ser degustados como aperitivos, bebidos com gelo e uma fatia de laranja ou limão, com tônica ou ainda em coquetéis, como o clássico Negroni. Porém, a maneira mais difundida é bebê-lo puro, com toda a calma que um final de refeição deve ter, namorando seus aromas. Uma bebida que foge dos padrões corriqueiros, assim como a vida!
QUANTO MAIS VELHO MELHOR?
Cada vinho tem um tempo diferente para a guarda, dependendo da uva com a qual é feito. Os responsáveis pelo potencial de guarda de um vinho são os taninos. Essas substâncias são encontradas na casca e na semente da uva. São responsáveis pela coloração e pelo teor alcoólico. Quanto maior for o percentual de álcool, mais longevo será o vinho. Igualmente a acidez, que denota frescor e graciosidade, será maior também. Enquanto alguns vinhos, como os feitos da uva cabernet sauvignon ou nebbiolo, possuem essas características, outros nasceram para serem bebidos jovens. É o caso da uva italiana dolcetto vinificada com pouca estrutura e excelente frescor, e ainda a uva gamay, com a qual se produz o Beaujolais Nouveau, que deve ser consumido até seis meses da data da produção, depois disso, o vinho perde todo o seu frescor e tem suas características aromáticas alteradas e inicia-se o processo de oxidação. Além das características organolépticas de cada cepa, existem outros fatores que influenciam na longevidade: a safra, as condições climáticas do ano da produção, entre outras. Para uma informação precisa, vale a pena consultar uma tabela de safras para termos uma ideia da classificação, elas estão disponíveis em sites especializados ou junto às importadoras. Hoje em dia, os produtores estão aderindo às características modernas de estilo, ou seja, vinhos com uma fruta mais fresca, que ficam prontos de maneira mais rápida para o consumo. Portanto, fique atento, na hora da escolha do vinho, nem sempre o mais velho será o melhor.
*Gabriela Monteleone é graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier do restaurante Gero, em São Paulo
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