Cartão vermelho para o preconceito

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As transformações sociais no Brasil, infelizmente, não caminham com a mesma velocidade com que a bola atravessa o gramado. O futebol, um grande agente catalizador de mudanças no País, em algumas questões parece montar um ambiente hostil e incitar ainda mais o preconceito e a violência.

Na noite da última terça-feira, 5 de novembro, o Museu do Futebol foi o palco, ou melhor, foi “o campo”, para o evento TABU, debate que teve como tema a homossexualidade no esporte mais popular do planeta.

O jornalista Juca Kfouri, o primeiro a falar no evento, lembrou que existiu uma época em que negros não eram permitidos em clubes brasileiros. “O primeiro negro a jogar no Grêmio, de Porto Alegre, foi em 1952! Isso não faz tanto tempo assim… Torço para que minha neta, quando mais velha, se espante ao pensar que na época do avô dela, jogadores homossexuais eram reprimidos e não podiam sair do armário”, analisou.

Na opinião do cronista esportivo, o futebol não é necessariamente homofóbico, ao pé da letra, mas que muitas vezes é mais uma das estratégias para se atacar um rival. Ele também lembrou de uma história recente, há aproximadamente quatro anos, quando um jogador de um grande clube paulista, até hoje anônimo, tentou se assumir em rede nacional. “Acho que aquele ponto foi importante para se abrir o debate, porém, não sei se seria prudente para esse jogador tomar aquele atitude naquele momento”, ponderou.

Washington Olivetto, outro convidado, comentou o assunto sob o prisma da propaganda. Será que se assumir gay iria abalar a imagem de um atleta? Para o publicitário, apesar de o esporte ainda ser um ambiente preconceituoso, mais ainda o futebol, esse é o momento de darmos largos passos contra essa realidade. “O preconceito não se resolveu com cota e nem com o politicamente correto, o preconceito se resolve com bom senso e a propaganda pode ajudar nessa questão”, colocou.

Única atleta no debate, a ex-jogadora Aline Pellegrino, que defendeu a seleção por muito tempo, reforçou as falas dos outros palestrantes, mas foi mais ponderada ao comentar sobre o momento que vivemos atualmente. “É importante nos abrirmos para a discussão, porém, agora é preciso muito cuidado para aproveitarmos essa onda, saber o posicionamento certo para aproveitá-la, caso contrário, ela passa e o assunto será mais uma vez esquecido”, reforçou.


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