No céu ou no asfalto, a profusão de imagens captadas por Fausto Chermont, em São Paulo Século XXI (Editora Terra Virgem, 156 páginas) revela dimensões inimagináveis e um espetáculo visual deslumbrante da metrópole. Fotógrafo há mais de 30 anos, Fausto nasceu na capital em 1961. Vivia com um clique na cuca desde 1973, mas começou a carreira profissional oito anos mais tarde. Tempos difíceis, de muitas ideias e parcos recursos técnicos. Obcecado por equipamentos, ele revela que colecionava “pornograficamente” catálogos de câmeras e acessórios: “Em uma viagem internacional, cheguei a trazer na bagagem de volta 72 kg deles”. Em 1991, depois de dez anos de dedicação a trabalhos de laboratório e fotografia comercial, fundou com a curadora Roseli Nakagawa o Núcleo de Amigos da Fotografia, o NAFoto, onde atua como curador, coordenador de conferências, workshops e seminários. Entre 1993 e 2003, também coordenou projetos fotográficos e novas tecnologias no Museu da Imagem e do Som (MIS).
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Em 2001, Fausto descobriu no mercado das artes visuais um novo universo para expressar suas obsessões – uma delas, a cidade que ama profundamente. Ao longo de uma década, municiado de equipamentos customizados – mais de uma dezena de câmeras submetidas a inúmeras adaptações e processos químicos -, fotografou arranha-céus, praças, torres, túneis e museus. O projeto nasceu em 1999, motivado por certa inquietude com a imagem negativa que o paulistano tem de sua cidade. Foi quando Fausto decidiu sair em busca das paisagens ocultas da cidade. “Na última página do livro, tem uma frase extraída de uma conversa minha com o Joaquim Paiva (fotógrafo e colecionador de fotografia): ‘Como é amoroso o olhar do artista. Transforma em belo o que ele gosta’. A frase, em certo sentido, chancela o meu trabalho. A gente vai para o Rio de Janeiro e fica lá, morrendo de inveja. Mas nós, aqui, também temos direito a paisagem”, defende Fausto.
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