Cientistas dos EUA prevêem controle de ebola em 18 meses

Pessoas observam homem suspeito de estar infectado com ebola, em Monróvia, na Libéria. Foto: EC/ Echo
Pessoas observam homem suspeito de estar infectado com ebola, em Monróvia, na Libéria. Foto: EC/ Echo

O vírus ebola só deverá ser controlado totalmente em um período de 12 a 18 meses, mais do que o previsto pela Organização das Nações Unidas (OMS), que havia informado um prazo de nove meses, e pela ONG Médicos Sem Fronteiras, que falou em seis meses para a contenção da doença na chamada África Ocidental, no litoral do Atlântico do continente. A conclusão foi divulgada após estudos realizados por cientistas infectologistas do Instituto de Virgínia, nos Estados Unidos e publicados neste domingo (14). “A gente espera que nossos dados estejam errados”, disse Bryan Lewis, chefe da pesquisa.

Ainda de acordo com os dados dos cientistas, a atual epidemia não está limitada a zonas rurais, ao contrário do que aconteceu em outros surtos da doença na história, mas já atingiu grandes povoados e cidades pobres – incluindo Monróvia, capital da Libéria – o que dificulta os esforços para controlar a propagação do vírus. A preocupação dos profissionais de medicina que estão se deslocando para a região afetada é que a epidemia continua a crescer exponencialmente na Libéria, que já soma mais de 1000 mortos. O país tem cerca de 400 novos casos a cada balanço da OMS.

“O número final de mortos pode ser muito maior do que qualquer uma dessas estimativas [da OMS]. Precisamos de uma vacina eficaz ou uma terapia que se torne disponível em larga escala, além da criação de mais leitos hospitalares”, disse a pesquisadora em saúde global da Universidade George Washington, Lone Simonsen, ao jornal estadunidense New York Times.

Neste domingo (14), a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, implorou os EUA que ajudem na luta contra o vírus no país, onde agências de notícias já informam que é possível avistar pessoas mortas pelas ruas. Segundo a agência britânica Reuters, Sirleaf enviou uma carta ao presidente estadunidense, Barack Obama, onde afirma que, sem o apoio do governo dele, o Estado liberiano não conseguirá controlar o surto e pede que seja construído um local de tratamento da doença em Monróvia, capital liberiana. “Sem mais ajuda direta de seu governo, vamos perder esta batalha contra o ebola”, diz um trecho do documento.

A situação piorou na semana passada, quando um adolescente foi morto pela polícia, que abriu fogo contra a multidão que protestava pelas quarentenas impostas pelo governo e pedindo a presença de organizações de saúde em bairros pobres da cidade.

Também neste domingo, a presidente da Libéria anunciou a demissão de dez funcionários do governo que “saíram do país sem uma desculpa”. No texto divulgado pela casa da presidência, Sirleaf diz que eles tiveram “insensibilidade com a tragédia nacional e desrespeito à autoridade”. Segundo a rede britânica BBC, entre os demitidos estão dois comissários, seis ministros-assistentes e dois vice-ministros do Ministério da Justiça. Oito funcionários juniores também foram advertidos a retornar ao país, e não receberão seus salários até o retorno a Monróvia. Entre elas está Christine Tolbert-Norman, a filha mais velha do falecido ex-presidente William Tolbert, que foi morto em um golpe em 1980.


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