O consumidor brasileiro está fazendo o possível e o impossível para manter a qualidade de vida da sua família mesmo neste momento de crise econômica. Quando vai às compras, está colocando mais o pé no freio, mas não quer abrir mão de levar para casa produtos que tragam mais conforto. A significativa parcela da população que ascendeu de classe nos últimos anos ficou mais otimista por causa das perspectivas projetadas para o futuro, e está disposta a investir de forma consciente para não perder o que já conquistou até agora.
Recentemente, finalizamos uma nova pesquisa que mostra exatamente como está o comportamento do consumidor brasileiro diante desse momento de recessão econômica. Vimos que parcela expressiva da população está menos otimista em relação ao futuro, e isso se reflete quando vai às compras. A intenção de compra dos consumidores pessimistas é menor em relação aos consumidores mais otimistas. No supermercado, por exemplo, a intenção de compras dos pessimistas é 12% menor.
O resultado deixa muito claro como está o humor do brasileiro hoje, e o sentimento de perda é muito forte. Eles sentem que correm o risco de dar passos para trás. Quem se acostumou a comer alcatra, não quer voltar a comer frango. O brasileiro enxerga, na prática, o que os resultados do PIB parecem apontar há um tempo: a crise chegou dentro da sua casa. O brasileiro tem consciência disso e sabe que não está nada fácil. Nove em cada dez afirmam que a crise chegou na sua vida pessoal. Além disso, oito em cada dez dizem que hoje em dia compram menos produtos e gastam mais dinheiro.
Em vez de ficar chorando, entretanto, o brasileiro está fazendo a sua parte e tem se desdobrado para conseguir transformar a crise em oportunidade. Dentro de casa, o consumidor faz o seu próprio ajuste fiscal. De um lado, economiza nas contas e faz de tudo para conseguir as melhores ofertas. Do outro lado, faz renda extra e dobra o turno no trabalho para ganhar mais dinheiro.
Resiliência e criatividade são as palavras-chave neste momento, mas a maioria da população está se sentindo órfã das empresas. A maioria se sente sozinha nessa jornada de manter a qualidade de vida da sua família e 72% não enxergam nenhuma empresa que esteja ao lado deles neste momento. Eles não veem que as empresas estão interessadas em entender seus problemas. Vimos também que a experiência de compra era antes mais positiva e prazerosa, mas esse cenário mudou um pouco no decorrer dos últimos meses e hoje constatamos que, muitas vezes, chega a ser frustrante.
Os resultados da pesquisa mostram que o momento atual é uma boa oportunidade para as empresas se colocarem ao lado desse consumidor, na luta diária para a manutenção da qualidade de vida das famílias. As empresas que souberem se posicionar ao lado do consumidor neste momento terão um diferencial competitivo em longo prazo. A chance de melhorar é muito maior quando consumidores e empresas se unem em prol de um objetivo.
* Presidente do Instituto Data Popular
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