A festa começou cedo. Pouco antes das 18h do sábado (15), muita gente já corria para o palco principal, na Praça Júlio Prestes. Tudo para conseguir se instalar em um bom lugar, com uma boa visão da festa cubana que iria dar as boas-vindas para o público presente na Virada Cultural de 2010.
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Os protagonistas Barbarito Torres, um dos únicos ainda vivos da célebre Buena Vista Social Club e Ignácio Mazacote, renomado músico cubano, não deixaram o frio acabar com a animação do público e, em português, agradeciam os presentes ao término de todas as músicas. A cada solo de Barbarito em seu alaúde, a Praça Júlio Prestes se animava e reconhecia a habilidade do cubano com o peculiar instrumento de cordas.
Após mais de uma hora de excelente espetáculo, estava na hora de passar da música cubana para a mais popular e original das músicas brasileiras, o samba. E a Virada Cultural tinha um palco exclusivo para esse gênero, na Praça da República.
O show do sambista Nelson Sargento começava às 21h. Mas, como o divertido é circular, descobrir e aproveitar ao máximo tudo o que a Virada proporciona, uma breve parada na Barão de Limeira, onde a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana terminava sua apresentação, foi inevitável. O gostoso ska fazia os dreads balançarem ao ritmo das batidas. O palco exclusivo para o reggae foi muito bem acolhido pelo público e permaneceu lotado durante grande parte do evento.
Mas, como o assunto no momento era samba, o destino foi a Praça da República. O já senhor Nelson Sargento, como bom sambista que é, não deixava de dar suas balançadas em cima do palco durante as músicas. O reduto dos sambistas estava dos mais animados da Virada. Às 23h, Simoninha e Max de Castro levantaram a galera com o Baile do Simonal. O público cantou junto os grandes sucessos de Wilson Simonal. Na sequência, sem perder o pique, Jair Rodrigues entrou com tudo e manteve a multidão embalada por grandes sambas e uma energia contagiante.
Após uma boa sambada, última chamada para os passageiros do Trem das Onze, de Adoniran Barbosa, uma homenagem aos 100 anos de um dos principais nomes do samba paulistano. O trem sairia da Estação da Luz rumo à Estação do Brás. Dentro do trem, a cada dois vagões, havia a apresentação de um grupo musical entoando clássicos do mestre centenário já falecido.
Infelizmente, o trem passou e a Brasileiros ficou. Na única falha aparente da organização da Virada, a fila exclusiva para a imprensa embarcar estava repleta de pessoas que, claramente, não estavam no evento para fazer cobertura. Após quase duas horas, muita conversa com funcionários e dois trens perdidos, tanto o das 23h quanto o da 0h, a equipe teve de se contentar com o fato de apenas admirar de longe a saída do animado trem.
Mas como alguns males vêm para o bem, saindo da Estação da Luz de cabeça meio baixa, uma grata surpresa, que não estava prevista no roteiro, mas animou o restante da noite: a Orquestra Experimental de Repertório se apresentava logo ao lado. O erudito estilo musical não atraiu tanto a multidão, porém, quem presenciou, com certeza gostou do que viu.
Ali pertinho, na Avenida Cásper Líbero, foram montados dois palcos chamados de “Independentes”. A pouca distância física entre os dois (no máximo, 50 m) contrastava com a diferença de estilos. No palco mais próximo da Estação da Luz, apresentaram-se nomes da nova MPB, enquanto que no outro, mais no início da Cásper Líbero, novas bandas de rock pesado mostraram o seu talento.
No “Independente Nova MPB”, às 22h20 pontual e britanicamente, Tulipa Ruiz subiu ao palco para apresentar o álbum de estreia, Efêmera, que será lançado oficialmente no dia 30 de maio, no Auditório Ibirapuera. O disco, no entanto, já está na boca dos vários fãs que Tulipa angariou pelos inúmeros e diversos palcos nos quais se apresentou em São Paulo. Em cada uma das 11 músicas, ela teve o coro do público como companheiro.
Acompanhada do pai, Luiz Chagas, do irmão, Gustavo Ruiz, além do baixista Márcio Arantes e do baterista Richard Ribeiro, ela apresentou o repertório de forma entusiasmada e alegre, com destaque para o já hit Às Vezes, composição de Chagas. No fim, a galera ainda pediu bis, mas as guitarras nervosas do “Independente Rock” já soavam, do outro lado, e impediram um pouco mais de Tulipa. Agora, só no dia 30 de maio.
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