E nos Estados Unidos…

Eu sei que já escrevi demais sobre casamento gay, continuo emocionado com a Argentina e Portugal (!), mas o assunto já ficou meio chato. Nos últimos meses, diversos estados dos Estados Unidos decidiram sobre o tema, várias vezes contra, mas essas foram todas decisões estaduais. O sistema legislativo americano é assim, complicadíssimo, os estados podem fazer coisas que estados brasileiros jamais sonhariam poder. Agora, pela primeira vez, a legalidade do casamento homossexual foi parar numa corte federal. O julgamento começou no último dia 11, na Califórnia, e a decisão a que chegarem poderá ser levada, se houver apelação, para a Suprema Corte, equivalente ao nosso Supremo Tribunal Federal, cujos julgados valem para o país inteiro. Vale dizer, finalmente o judiciário americano está julgando a legalidade do casamento gay, agora de uma vez por todas. Existe o risco de a Suprema Corte decidir contra os gays, e aí a coisa vai atrasar umas 2 ou 3 décadas, mas quem não arrisca…

Um detalhe curioso, no entanto, está animando os advogados e juristas gays: nossa causa será defendida por dois advogados pesos pesados, David Boies e Theodore Olson. Os dois foram ferrenhos adversários no passado, em uma das mais famosas batalhas jurídicas da história dos Estados Unidos, na qual o candidato Al Gore brigou contra George Bush pela presidência dos EUA, e o nefasto Bush ganhou. Boies é liberal, não surpreende que defenda nossos direitos, mas Olson, que representou Bush, é arquiconservador, e também nos defenderá. Por que? Ele afirma que negar o casamento aos gays é inconstitucional, pois a constituição americana diz que todos são iguais perante a lei, e, portanto, os gays são iguais aos heterossexuais, podendo se casar como eles, e vai além, dizendo que o fato de os gays quererem se casar denota respeito pelas regras da sociedade, e não uma ofensa a esta, ou seja, o casamento gay fortalece a sociedade. Lembro a vocês que a constituição brasileira também diz que todos são iguais perante a lei. Vamos pagar para ver no que dá.


Comentários

16 respostas para “E nos Estados Unidos…”

  1. Meu caro, fiquei fã do nobre causídico. Conservador ou liberal, lei é lei. Beijas.

  2. Vão julgar a favor, querido. As leis não podem levar em conta as crenças pessoais do conservadores. Eu sinto a vontade americana de resgatar sua identidade democrática (estilhaçada depois de 11 de setembro, quando os direitos pessoais foram tão severamente diminuídos em favor da ‘segurança’). Votar a favor do casamento gay é uma boa maneira, já que, legalmente falando, não é um tema complexo como o aborto (onde a terminação de uma vida está em jogo, o que passa a ser um problema legal que vai muito além de qualquer religião).

    Vamos torcer. 🙂

    Beijocas

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