Manifestação contra o impeachment em 31 de agosto de 2016

Guinada à direita

Manifestação contra o impeachment em 31 de agosto de 2016
Manifestação contra o impeachment em 31 de agosto de 2016. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A democracia brasileira está cada vez mais capenga. A maior constatação desse fato é a agenda implantada por Michel Temer assim que ele chegou ao Palácio do Planalto, alçado por um movimento articulado com o apoio de forças globais de direita, como em 1964. Para entender melhor as semelhanças entre o golpe que instaurou a ditadura militar e o que está acontecendo hoje no Brasil, leia a reportagem Como Derrubar um Governo, publicada em Brasileiros edição 109, de agosto de 2016. 

Vice da chapa vitoriosa nas eleições presidenciais de 2014, encabeçada por Dilma Rousseff, Temer não demorou em dar uma severa guinada conservadora. Em vez do programa escolhido pelas urnas, desde seu primeiro dia no gabinete presidencial, ele colocou em prática a proposta derrotada em outubro 2014.

A reversão da agenda começa pela ideia de privatizar tudo o que for possível, a começar por ativos da Petrobras, passa por alterações nas políticas públicas que permitiram a ascensão social de pobres e miseráveis, e tem como atual ponto de destaque a reforma da Previdência. Se for aprovada da forma como está sendo proposta, essa reforma vai penalizar o conjunto dos trabalhadores, mas terá impacto ainda mais nocivo entre aqueles de menor renda que, pelas circunstâncias de vida, começam a trabalhar ainda na adolescência. E a reforma trabalhista, cujo preâmbulo foi a aprovação, pela Câmara, do projeto de terceirização, completará o assalto final aos direitos trabalhistas duramente conquistados.

Antes de Temer implantar a agenda à moda Aécio Neves, o candidato derrotado em 2014, o mais evidente reflexo do retrocesso na política brasileira era o próprio processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Como se não bastasse, outro sinal de que os fantasmas do passado ameaçam o presente e o futuro é a possibilidade de uma eleição indireta para presidente ainda este ano. Se Temer, que não deveria ter ocupado a Presidência, for cassado no julgamento no Tribunal Superior Eleitoral da chapa encabeçada por Dilma, o Congresso Nacional escolherá o próximo presidente. Como acontecia na ditadura militar.


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