Pensar no que seria dito por duas ou mais pessoas durante um debate sobre temas específicos ajuda a fazer raciocínios mais sofisticados, de acordo com uma pesquisa publicada pela revista científica norte-americana Psychological Science.
“Prever pontos de vista opostos leva a um exame mais abrangente da questão”, diz pesquisadora Julia Zavala, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo. Segundo a psicóloga, a construção de pontos de vista opostos leva a considerar alternativas.
Primeiramente, a professora Zavala e Deanna Kuhn, co-autora do escudo, ambas professoras do Teachers College, da Columbia, fizeram um teste para confirmar se escrever ajudaria a compreender um tema difícil. Elas pediram a um grupo de 60 alunos da graduação para escrever um diálogo entre comentaristas de tevê sobre o debate entre dois candidatos a prefeito.
Os jovens receberam uma lista de problemas que a cidade enfrentava e uma lista de ações propostas pelos candidatos para resolvê-los. Outro grupo recebeu a mesma informação sobre a cidade e os candidatos, mas sua tarefa era escrever um ensaio mais persuasivo destacando os pontos fortes de cada convidado.
Em seguida, foi pedido aos dois grupos que fizessem um roteiro para um programa de televisão de dois minutos promovendo o seu candidato preferido. Ao comparar os textos, as pesquisadoras viram que o texto que simulou o diálogo entre os comentaristas continha observações mais claras e críticas sobre os candidatos do que os ensaios. Continha também declarações mais objetivas em relação aos problemas da cidade e ações propostas pelos candidatos.
Os alunos que escreveram o diálogo entre os comentaristas também se mostraram menos inclinados a incluir, em seu script de televisão, declarações que não tivessem evidência de apoio. Apenas 20% dos estudantes do grupo de diálogos colocaram declarações infundadas em seu trabalho, em comparação com 60% dos alunos do grupo de ensaio.
“A tarefa do diálogo, que não levou mais de uma hora para ser completada, parece ter um forte efeito sobre a compreensão mais profunda dos alunos”, explica Zavala. Na perspectiva das pesquisadoras, tudo deve ser feito para incentivar e apoiar o discurso genuíno sobre os assuntos críticos. “”Estes resultados suportam a hipótese de que elaborar um diálogo leva a uma representação mais rica de cada uma das posições e das diferenças entre eles, ajudando a expandir e aprimorar o raciocínio dos alunos”, disseram Zavala e Kuhn. Para as pesquisadoras, pode ser um recurso produtivo em um momento em que o posicionamento sobre as questões não têm, na maioria das vezes, uma análise mais profunda para suportá-los.
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