Kassin, mais ou menos

Foto: Caroline Bitencourt
ACELERADO
Produtor musical de artistas como Vanessa da Mata e de programas da Globo, Alexandre Kassin ainda encontra tempo para dirigir seus próprios discos

Alexandre Kassin é um produtor requisitadíssimo. De Adriana Calcanhoto a Mariana Aydar, passando por Vanessa da Mata e Iara Rennó, todo mundo quer gravar com ele, olhar pelo aquário do estúdio e o ver pilotando a mesa. Kassin, um carioca grandão de Copacabana, de 34 anos, falou à Brasileiros, meio apressado. Enquanto gravava a trilha sonora para uma animação japonesa (*) no estúdio Monaural, que divide com o produtor Berna Ceppas, se preparava para embarcar para Nagoya, Japão, onde seria pai pela segunda vez. Lá, Hiromi, sua mulher, mãe de Nara de quatro anos, o esperava. O casal se conheceu em Nova York, quando Kassin gravou com o ianque-pernambucano Arto Lindsay.

A paixão de Kassin pelo Japão é antiga. Ele e Moreno Veloso, filho do Caetano e amigo velho, chegaram a trocar aulas de violão por aulas da língua com o dono de um restaurante japonês. Juntamente com Domenico Lancelotti, formam o +2, um projeto inusitado em que cada um dirige seu disco, o que já rendeu “Máquina de Escrever Música” (Moreno +2 – 2001), “Sincerely Hot” (Domenico +2 – 2003) e “Futurismo” (Kassin +2 – 2006). E funciona. Mas até chegar aí demorou um pouco.

Kassin tem um irmão mais velho que era envolvido com a discotecagem carioca, funk, baile, swing, Dom Salvador. Dele herdou o gosto pelos discos (vinil) e um violão. A opção pelo baixo deve ao vizinho de apartamento, o contrabaixista Edson Lobo, figura lendária da bossa nova, que estudava em casa e era sempre visitado por João Donato. Na sua classe, no colegial, só tinha músicos. Lá formou o Acabou La Tequila, que lançaria dois discos e está na origem dos grupos atuais Autoramas, Matanza, Nervoso e Canastra, e conheceu Pedro Sá, hoje guitarrista de Caetano, que o apresentou para Domenico e Moreno.

As colagens musicais que aprendeu com o irmão foram ouvidas e adotadas pela coreógrafa Deborah Colker, que já trabalhava com Ceppas, o futuro sócio de Kassin, e com o pesquisador Hermano Vianna, que o levaria para a Globo, onde produziu os programas de Regina Casé, Brasil Legal e Muvuca. Obviamente, a faculdade foi para o espaço. Freqüentou jornalismo três meses e psicologia menos ainda.

O +2 nasceu para acompanhar Moreno em um show no MAM paulista, parte de uma performance. O resultado foi tão bom que gravaram um disco que foi mixado nos Estados Unidos. As poucas apresentações que fizeram por lá originaram um interesse tal que os discos do grupo foram primeiro lançados no exterior, onde têm um público fiel – aqui são “alternativos”. O +2, que virou quinteto com a entrada do baterista francês Stephan San Juan e do guitarrista Alberto Continentino, já acompanhou Chrissie Hynde, dos Pretenders e, recentemente, Adriana Calcanhoto, como +3 ou +ela.

Kassin, que tem um disco experimental, Artificial (com sons de Game Boy), e é um dos fundadores da Orquestra Imperial, pretende finalizar até o final do ano os animés japoneses, o disco de Mariana Aydar, o DVD de Vanessa da Mata e fazer uma turnê pelos Estados Unidos com o +2. Não é à toa que nem tinha escolhido um nome para a irmã de Nara. Com um ritmo assim uma pessoa só não agüenta. Precisa de +2. Pelo menos.


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