Em tempo: Datafolha publicado nesta terça-feira mostra mudanças no cenário eleitoral. Dilma cai três pontos (de 49 para 46) e Marina sobe um (de 13 para 14). Serra fica estacionado em 28. Aumentam as chances de um segundo turno. Em duas semanas, a diferença entre Dilma e a soma dos votos dos demais candidatos caiu de 14 pontos para apenas dois.
No mais recente tracking do Vox Populi, os números são um pouco diferentes: Dilma (com 49) e Serra (com 24) permaneceram no mesmo lugar, enquanto Marina pela primeira vez alcançou os 13 pontos.
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Animada com a subida nas pesquisas nesta reta final da campanha, a candidata verde Marina Silva foi à luta no debate de domingo à noite na TV Record para tirar do tucano José Serra a segunda vaga de um possível segundo turno, cada vez mais improvável, a apenas seis dias da eleição.
Do outro lado do ringue, Serra parecia desanimado, sem vontade de entrar na briga, como se estivesse torcendo para a eleição acabar logo no primeiro turno. Jogou a toalha. Até seu vice, aquele Indio da Costa, se achou no direito de criticar a atuação do candidato, como nos mostrou o noticiário do iG.
Dilma Rousseff acabou sendo atacada por sua ex-colega de governo Marina Silva, que levantou as denúncias de corrupção na Casa Civil, e pelo franco-atirador Plínio Arruda Sampaio, outro ex-petista, que está achando muita graça em poder participar dos debates presidenciais e fazendo o possível para divertir a platéia. Marina sabe que não basta Serra cair; ela precisa tirar votos também de Dilma.
Mais uma vez, porém, a candidata do PT saiu ilesa do debate, sem marcar nenhum belo gol, mas também sem levar, jogando apenas pelo empate, que lhe interessava a esta altura do campeonato.
Faltam agora apenas dois programas de televisão e o debate final de quinta-feira na TV Globo. O que mais poderá acontecer para alterar o cenário na última semana de campanha?
Como escrevi aqui na sexta-feira, os ânimos parecem ter se acalmado nos últimos dias. O presidente Lula até começou a fazer elogios e falar da importância dos bravos rapazes da imprensa, que por sua vez parecem ter esgotado seus paióis de munição. Não escrevo aqui nada muito diferente de meus colegas jornalistas – repito: jornalistas, não panfleteiros. Apenas conto com a sorte de publicar meus comentários, dizendo quase as mesmas coisas, geralmente um ou dois dias antes. Tenho boas fontes.
Ninguém fala mais no tal “Manifesto em Defesa da Democracia”, o minúsculo ato contra o governo produzido na semana passada por algumas almas ressentidas, ex-qualquer-coisa, que fizeram meu bom amigo D. Paulo entrar de gaiato na história. Também baixaram as armas os combatentes do “golpismo midiático”. Não há novas manifestações previstas de um lado nem de outro. Melhor assim.
Diante deste quadro serenado, a única novidade – novidade??? – foi o centenário jornal O Estado de S. Paulo ter comunicado ao mundo, em editorial publicado no domingo, que agora apoia oficialmente o candidato José Serra. Foi, sem dúvida, um ato de coragem e despojamento, quem sabe anunciado um pouco tardiamente, pois não chegou a espantar ninguém. Talvez tenha sido esta a tão falada “bala de prata” guardada no tambor.
Vida que segue.
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