“O tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na casa branca já dançou a batucada
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De ioiô e iaiá”
Caro Barack,
Faz mais de 70 anos que eu escrevi os versos acima, mas a música parece atemporal.
Sempre que falam da relação do teu país com o nosso, fazem alguma ponte com a letra de Brasil Pandeiro.
Hoje, você será apresentado ao Brasil, essa terra boa.
Mas, fiquei sabendo que não vai provar cuscuz, acarajé ou abará. E nem molho da baiana!
Faça-me o favor, Seu Barack!
Em homenagem ao meu centenário, seria o mínimo a se fazer, em nome da política da boa vizinhança.
Afinal, o Brasil é o país da moda agora.
Então, pelo menos pegue no pandeiro e conheça a nossa batucada, Seu Barack!
Boa viagem.
Abraço,
Assis Valente.
Hoje, 19 de março de 2011, o compositor baiano Assis Valente completaria 100 anos.
A fictícia mensagem do autor de Brasil Pandeiro ao presidente dos Estados Unidos bem que poderia ser real.
No cardápio do almoço oficial de Barack Obama com a presidente Dilma Rousseff há o toque brasileiro, claro. Picanha, feijão tropeiro, couve e até sorvete de graviola. Mas, faltam o acarajé, o cuscuz e o abará de Assis Valente.
Seria uma bonita homenagem a um grande compositor brasileiro, negro como Barack Obama.
Infelizmente, a vida não foi tão bonita para Assis Valente quanto os versos alegres de Brasil Pandeiro, Em 1958, após algumas tentativas (incluindo uma queda do alto do Corcovado!), ele suicidou-se ao ingerir formicida com guaraná, deixando um último verso no bolso: “Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo.”
Que Barack Obama ao menos conheça a nossa batucada.
A batucada de Assis Valente.
Veja clipe dos Novos Baianos cantando Brasil Pandeiro
– Leia mais sobre a vinda de Barack Obama ao Brasil no iG.
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