Pensei em não escrever esta crônica. Afinal, o mundo pode acabar antes de o texto ser impresso. É verdade que o fim de tudo pode se dar a qualquer momento. Mas o dia 17 de junho parece mais promissor. Será a data da realização do experimento no Grande Colisor de Hádrons (Large Hadrons Collider, ou LHC), na Suíça. Trata-se de um enorme acelerador de partículas – com 24 quilômetros de extensão, que vai provocar uma trombada em alta velocidade entre dois prótons. Para isso foram gastos R$ 15 bilhões e os esforços de 6.500 cientistas – inclusive brasileiros. Tudo para saber a origem do universo. Dizem que não há perigo de vítimas nessa pancada de corpúsculos. Não sei, não…

Acho que todos esses cientistas deveriam ir pentear macacos. Pelo menos haveria chance de descoberta da cura da calvície – o que para mim seria muito providencial. A história toda desse colisor é suspeita. Primeiro, pegue-se o lugar da experiência: a Suíça. Um país onde nada é acelerado, e que fez nome desenvolvendo mecanismos precisos de tempo. A Alemanha, por exemplo, seria muito mais adequada para tais estudos. Lá tem as Autobahns, onde acidentes em alta velocidade são corriqueiros. E não envolvem míseros prótons, mas Porsches, Mercedes e BMWs.

Jogando mais sombras no projeto estão as teorias de dois cientistas, Walter Wagner, do Havaí, e Luis Sancho, da Espanha. Eles chamam atenção para a possibilidade de a engenhoca criar miniburacos negros que, como se sabe, alimentam-se de energia. Ao fazer isso, aumentam de tamanho. A boa notícia é que serão eliminadas todas as guerras, as pestes e a fome. A má notícia é que tudo mais também irá ralo abaixo. Sumiremos no mapa astral (o que, convenhamos, será péssimo para os astrólogos).

Dizem que os espíritos são energia. Exatamente o prato predileto do buraco negro. Assim, não vai sobrar nem assombração. Pode perder as esperanças de ir baixar em terreiro de algum planeta que tenha desenvolvido a mediunidade.

E não param aí os riscos de catástrofes. Wagner e Sancho ainda aventam que, se os buracos negros derem chabu, o LHC pode alterar a estrutura dos átomos e produzir material desconhecido, transformando a Terra numa bola de, digamos, Gumex (procure no Google, se é que ele ainda existe). Ou o planeta virará uma enorme esfera dura e desprovida de vida, algo como uma imensa cabeça de George W. Bush pairando no espaço.

Tem mais: a colisão poderia provocar rupturas no tecido de tempo/espaço. Imagine as conseqüências. Aquela super-reserva de petróleo em Tupi voltaria a ser o que foi: dinossauros, já que é combustível fóssil. Pelo tamanho da coisa, emergirá do mar uma enorme béstia criada a esteróide. A gente já viu esse filme e sabe o roteiro: um japonês arregala os olhos, aponta para cima e grita: “Godzilla!”. Vai todo mundo correndo para o outro lado. O monstro sai chutando Toyotas Corollas,
Hondas Civics, demolindo prédios e botando fogo pelas ventas. Não adianta chamar a aviação americana: ela terá seus próprios problemas.

“Tupizilla” – o povo logo vai dar apelido – não só liquidará com nossos sonhos de entrar para a Opep, como também vai acabar com a safra recorde da lavoura. Isso quando as commodities estão em alta. Brasileiro não dá sorte mesmo! Que adianta ganhar grau de investimento? Quem vai investir um único centavo de guarani numa economia que tem um dinossauro gigante barbarizando o pedaço?

Eu disse que os americanos também teriam suas mãos cheias. Quem passou pelos arredores de Los Angeles já viu aquelas bombas de extração de petróleo ao redor da cidade. Pois dali podem sair manadas de velociraptors, com aqueles bracinhos e bocas cheias de dentes. Vão logo invadir Beverly Hills, arranhando com as esporas de seus calcanhares as pinturas de Ferraris e Lamborghinis. Devorando louras oxigenadas e cuspindo bolsas de silicone. Entrando na Disneylândia e estuprando Mickey, Pluto, Pateta, Donald, Barney, e sabe-se lá quantos outros bichos.

Em Nova York, estaremos preparados. Assim que a manada de T-Rex entrar pela Quinta Avenida, será atacada primeiro pelos blindados, no caso, os táxis indestrutíveis dirigidos por paquistaneses loucos. Em seguida, entra em ação a artilharia: gangues de rappers mandando chumbo com suas pistolas Glock 9 mm. Italianos mafiosos, munidos de tacos de beisebol, farão aquilo que vêm fazendo há séculos. Porto-riquenhos, com seus canivetes de molas, estão incumbidos de fatiar a bicharada abatida para o churrasco da vitória. E a arma mais temível: multidões de judias classe-alta, munidas de seus sapatos Manolo Blahnik, sentando os saltos agulha no couro dos invasores.

Por tudo isso, acho melhor os cientistas puxarem o plugue do colisor o quanto antes. Em agosto tem liquidação de verão na Bloomingdales, e as judias vão ficar titiricas se houver cancelamento. “You don´t wanna fuck with them.” Entende?


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