A obesidade parece realmente estar associada ao aumento do risco de ter alguns tipos de câncer. A afirmação é de um grupo de pesquisadores liderado por Maria Kyrgio, do Departamento de Cirurgia e Câncer, e Kostas Tsilids, da Escola de Saúde Pública, ambos do Imperial College of London, no Reino Unido. A conclusão foi baseada em 240 meta-análises da produção científica existente sobre o tema.
Em um levantamento prévio, os pesquisadores encontraram mais de dois mil estudos acerca de obesidade e câncer. Depois eles foram triados de acordo com os critérios científicos para obtenção dos dados.
Para compreender melhor o que os cientistas fizeram, é importante saber o que é uma meta-análise. Trata-se de uma metodologia estatística que combina resultados de diferentes trabalhos para fazer uma revisão sistemática sobre um tema. Para isso, existem fórmulas e regras. É um recurso bastante usado pela medicina baseada em evidências, mas há divergências se as meta-análises substituem ou não a realização de grandes ensaios clínicos.
O que os cientistas do Imperial College constataram foi a existência ligações significativas entre o índice de massa corporal elevado e certos tumores malignos. Para eles, agora está bastante claro que prevenir o excesso de peso pode reduzir o risco de desenvolver alguns tipos de câncer.
Fortes associações foram encontradas em estudos que examinaram o índice de massa corporal (IMC) e tumores malignos esofágico, medula óssea, cólon e retal (nos homens), vias biliares, pâncreas, endométrio (em mulheres na pré-menopausa), tumores renais e em uma região próxima ao coração. Além desses achados, outras associações entre a adiposidade e o câncer podem ser genuínas, mas não há dados científicos para comprová-las.
No caso do câncer de mama, as mutações celulares específicas que levam ao câncer podem estar associadas à produção hormonal de certos hormônios pelos tecidos adiposos. Porém os mecanismos que tornam o excesso de peso um risco ainda não foram completamente estudados ou explicados.
Nas conclusões dos pesquisadores, o risco de desenvolver câncer variou de 9% para os tumores colorretais a 56% para vias biliares a cada cinco pontos de aumento do IMC.
A revisão encontrou também dados que apontam associações entre a obesidade e o maior risco de tumores de ovário e mieloma múltiplo.
“Agora está claro que a prevenção do excesso de peso reduz o risco de desenvolver certos tipos de câncer. Com esta informação, é fundamental que o sistema de saúde intensifique seus esforços para reduzir a incidência do câncer associado com a obesidade”, disse o pesquisador Tsilis. O estudo foi publicado no início da semana pela revista científica British Medical Journal.
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