Estima-se que 22% dos animais catalogados no mundo – cerca de 200 mil espécies – estejam abrigados nas matas e florestas brasileiras. Dessas, apenas 1% é estudada e conhecida com profundidade. Se é difícil para os próprios especialistas conhecerem a riqueza da fauna brasileira, imagine para o resto da população. Há quase 40 anos, Araquém Alcântara, um dos mais conhecidos e conceituados fotógrafos de natureza do País, faz brilhantemente sua parte para apresentar essa riqueza ao mundo. Em comemoração a essa trajetória profissional, Araquém, 57 anos e 36 livros publicados, acaba de lançar pela editora Terra Brasil mais três fantásticos trabalhos sobre a fauna, a flora e a população que compõem os vários ecossistemas brasileiros.
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O inédito Cabeça do Cachorro, produzido em parceria com o médico Drauzio Varella, refere-se à área do extremo noroeste do estado do Amazonas, na fronteira com a Venezuela e Colômbia – que, se observada no mapa, parece o traçado perfeito da cabeça de um cão. Lá fica o Alto do Rio Negro, a terra das florestas mais preservadas da Amazônia, que faz parte do município de São Gabriel da Cachoeira, com 200 mil quilômetros quadrados (área maior que Portugal) e que é esplendidamente mostrada na obra, junto com representantes das 40 mil pessoas – 95% pertencentes a uma das 23 etnias indígenas da região -, moradores de um dos mais de 700 povoados localizados nas margens dos rios. Trata-se de uma região sensível à exploração da madeira, mas que devido à dificuldade de acesso – São Gabriel está a 1.146 quilômetros de Manaus por via fluvial (distância maior do que São Paulo a Porto Alegre) -, felizmente, ainda está protegida da devastação. “São maravilhosas fotos que ilustram um verdadeiro milagre da natureza e da cultura, um legado precioso para as futuras gerações de brasileiros, que, espero, continuem a construir um Brasil que respeita o meio ambiente e promove e protege a enorme e rica diversidade de povos indígenas do nosso País”, diz Márcio Meira, presidente da Funai, em seu prefácio.

Bichos do Brasil e Mata Atlântica trazem uma coletânea de fotos feitas durante os 40 anos de trabalho do fotógrafo pelas áreas mais distantes do País. O primeiro tem edição bilíngue inglês-português e 150 imagens dos animais da fauna brasileira. Estão lá a arara-azul, o veado-campeiro, o cervo-do-pantanal, o macaco-prego e outras espécies mais desconhecidas e tão belas quanto. O compositor e zoólogo Paulo Vanzolini assina o prefácio e os textos são de Antonio Pavone e Marcelo Delduque. Também os parques nacionais, estações ecológicas, aldeias indígenas, áreas de proteção ambiental, serras e manguezais estão devidamente documentados no Mata Atlântica. São imagens belíssimas de cachoeiras, como as do Parque Nacional de Aparados da Serra e do Parque Nacional do Iguaçu, além de paisagens, aves, insetos e outros animais que vivem nesse rico bioma. Três verdadeiras obras-primas que servem de guia para difundir e, por que não, para ajudar a preservar o que ainda resta na natureza brasileira.


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