A pouco mais de dez dias para o início da Copa do Mundo, nossa contagem regressiva chega finalmente ao Brasil, pentacampeão do mundo e única seleção a estar presente em todas as edições do torneio. Apesar de ser um fato a favor da seleção, toda essa tradição também tem o lado ruim. Para o torcedor, principalmente, qualquer resultado que não seja o título, é encarado como uma derrota. [nggallery id=14291] Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, sabe muito bem disso. O atual técnico da seleção já sentiu na pele a importância da Copa do Mundo para o brasileiro. Em 1990, foi o grande culpado pela fraca campanha, que ficou conhecido como a “Era Dunga”. Nada que uma taça não cure e, quatro anos depois, o capitão Dunga levantou o caneco e mudou sua imagem com a torcida. O vice-campeonato na França, em 1998, também com a faixa de capitão no braço, não diminuiu o prestígio de Dunga com a torcida.Mas, desde que Dunga assumiu o cargo de treinador, em seu primeiro trabalho, enfrentou muita desconfiança por parte da torcida e, principalmente, da imprensa, com quem o técnico sempre teve relação conturbada desde a época de jogador. Até agora, Dunga não é visto pela maioria como o homem certo para trazer o hexacampeonato. Porém, os críticos deram o braço a torcer. Em campo, a equipe de Dunga se mostrou digna de vestir a camisa amarela e venceu todos os campeonatos que disputou.O primeiro grande desafio foi a Copa América de 2007. Dunga não pôde convocar sua força máxima e muitas das estrelas da equipe ficaram de fora. Era a chance dos coadjuvantes se destacarem. Uma derrota por 2 a 0 para o México provocou certa satisfação na maioria dos brasileiros e os mais precipitados já começaram a ensaiar o velho “Eu não disse!”.Mas com duas vitórias nos jogos seguintes (3 a 0 no Chile e 1 a 0 sobre o Equador), a seleção canarinho alcançou a próxima fase. Nas quartas de final, um convincente 6 a 1 nos chilenos em uma das melhores partidas do Brasil sob o comando do novo treinador. Após passar pelo Uruguai na semifinal, nos pênaltis, o adversário na conquista do título seria a Argentina, que jogava um excelente futebol e vinha com a equipe completa. Vitória categórica do Brasil por 3 a 0. Nomes, como o de Júlio Baptista, Daniel Alves e Josué, começavam a se concretizar na seleção.Apesar da significativa conquista, o comandante ainda estava longe de ser uma unanimidade e três resultados ruins, em junho de 2008, agravaram a situação. O primeiro foi a derrota para a Venezuela por 2 a 0, em amistoso nos EUA. Na partida seguinte, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo, mais uma derrota, dessa vez para o Paraguai (2 a 0), em Assunção. A redenção poderia vir com uma vitória contra a Argentina no jogo seguinte, em Belo Horizonte, mas um empate feio e sem gols balançou o treinador novamente. Nessa rodada, o Brasil caiu para a quinta posição, atrás de Paraguai, Argentina, Colômbia e Chile, e viu a classificação se complicar.Aproximadamente um ano depois, o Brasil resolveu se impor de vez e emplacou uma série de cinco vitórias consecutivas nas eliminatórias, com direito a “passeios” nos rivais Uruguai e Argentina, 4 a 0 e 3 a 1, respectivamente. Detalhe: os dois jogos foram em território adversário. Para melhorar, no meio da bela sequência pelas eliminatórias, a seleção de Dunga ainda conquistou a Copa das Confederações vencendo todas as partidas, com destaques para um 3 a 0 sobre a Itália, na fase de grupos, e a espetacular virada sobre os EUA, na decisão (3 a 2). Com três rodadas de antecedência, o Brasil carimbou seu passaporte para a Copa da África do Sul.Campeão da Copa América, da Copa das Confederações e também primeiro colocado nas eliminatórias sul-americanas, Dunga não deixou de ser contestado. No último dia 11 de maio, o técnico anunciou a lista de 23 jogadores para o mundial. A chiadeira foi grande. Muitos pediam as revelações santistas Paulo Henrique Ganso e Neymar no grupo. Convicto, Dunga não cedeu, alegando que está recompensando quem sempre correspondeu sob seu comando. Chamou Ganso na “lista de espera” de sete nomes. E é preciso dar crédito ao gaúcho turrão. Em quatro anos de seleção brasileira, foram 53 jogos, apenas 5 derrotas, 11 empates e 37 vitórias. Um incrível aproveitamento de quase 80% dos pontos disputados.Desde que assumiu a seleção, Dunga fez uma grande reformulação. Grandes craques e talentosíssimos jogadores do futebol mundial, como Ronaldinho Gaúcho, foram perdendo espaço em campo pelo que faziam fora dele. Depois do fracasso na Copa de 2006, quando as estrelas brilharam muito mais nas baladas e não se concentraram no trabalho, o comandante brasileiro resolveu apostar em jogadores esforçados, trabalhadores e mais avessos à mídia e badalação.Apesar do reconhecimento mundial, Kaká se encaixa nesse perfil e é, junto com Robinho, o grande responsável pelas jogadas que nos fazem lembrar o futebol genuinamente brasileiro. Além dos dois, Luis Fabiano não é exatamente o que podemos chamar de craque, mas é um atacante com força física, eficiência impressionante (fez 21 gols em 24 jogos na era Dunga) e muito faro de gol. Um camisa 9 fundamental para o Brasil na busca do sexto título.Embaixo das traves, o Brasil tem a segurança do melhor goleiro do mundo na atualidade, Júlio César, que recentemente conquistou a tríplice coroa pela Internazionale de Milão (Campeonato Italiano, Copa da Itália e Liga dos Campeões da Europa). À sua frente, outros dois supercampeões pela Inter ajudam a fazer a defesa brasileira uma das melhores, senão a melhor do mundo: o zagueiro e capitão Lúcio e o lateral Maicon. Juan completa a zaga, com sua elegância e tranquilidade com a bola.No meio-campo, a dupla de volantes conta com a experiência de Gilberto Silva e a juventude às vezes irresponsável de Felipe Melo. Elano completa o meio com muita eficiência e com números a seu favor: é o líder de assistências da era Dunga, por exemplo. A única posição sem dono é a lateral-esquerda. Michel Bastos e Gilberto brigam pela vaga, com ligeira vantagem para o primeiro, que atuou nos últimos jogos.Contestada ou não, a seleção de Dunga chega à África do Sul com números incontestáveis e impressionantes. Resta saber se vai confirmar a eficiência com bom futebol e o título. As chances são grandes, apesar de o cabeça de chave do grupo G já ter uma primeira fase com adversários difíceis, como Portugal e Costa do Marfim. A estreia será no dia 15 de junho, às 15h30, contra a Coreia do Norte. Vamos ver. E torcer.
MAIS:
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– Página especial da Copa do Mundo de 2010 no iG
– Site oficial da Copa do Mundo de 2010
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