Primeira cota de volume morto do Cantareira acabará em novembro

Represa do rio Jaguari, um dos que abastecem o sistema Cantareira. Foto: Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem
Represa do rio Jaguari, um dos que abastecem o sistema Cantareira. Foto: Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem

O secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Mauro Arce, confirmou nesta quinta-feira (25) que a primeira parte da reserva técnica – chamada também de volume morto – do sistema Cantareira se esgotará até o dia 21 de novembro, portanto, em 57 dias, caso não chova durante este período. Nesta quinta, o volume de água das represas do local, que atende 6,5 milhões de pessoas, atingiu a marca de 7,4%.

Arce visitou obras do parque Várzeas do Tietê, na zona leste da cidade, onde também disse que o governo está estimulando a construção de poços que, inclusive, não vão gerar outras tarifas aos consumidores. ““Continuando sem chover, o atual volume do Cantareira nos garantiria até o dia 21 de novembro, com o volume que eu tenho hoje”, afirmou.

“Metade da nossa conta é água e a outra metade é esgoto. Então, enquanto durar esse crise, a gente está liberando o pagamento do esgoto para quem fizer poço. Não precisa nem instalar o medidor”, completou.

O secretário também informou que o governo estadual está esperando o máximo possível para começar a retirar água da segunda conta do volume morto, que já tem as bombas prontas para a exploração, mas ainda não teve a permissão para funcionar emitida pelos órgãos reguladores. Desta parte da reserva técnica sairia mais 106 bilhões de litros de água para abastecimento.

Apesar das más notícias, Arce se mostrou otimista com a possibilidade das chuvas aumentarem a capacidade do Cantareira no próximos meses. “Não existe nenhum mês de setembro, outubro e novembro que não tenha chovido nos últimos 84 anos. Alguma chuva vem”, disse ele.

A Sabesp assegurou nesta quinta – em nota oficial – que “não haverá racionamento” em nenhuma das 364 cidades nas quais opera no Estado e garantiu que foram “tomadas medidas” como a transferência de água proveniente de outros sistemas (Alto Tietê, Rio Grande, Rio Claro e Guarapiranga) e estímulos por economia de consumo.

Nesta quinta, o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, criticou a postura do governo paulista em relação a forma como está sendo feita a comunicação da crise hídrica. “Eu penso que é o problema é não apontar a gravidade da situação concretamente para a população. Se nós tivermos um ano parecido com esse, nós não teremos uma resposta satisfatórias na região metropolitana no ano de 2015”, cutucou.

A agência também anunciou que vai sair do grupo técnico formado por órgãos regulares que auxiliam o Estado de São Paulo no gerenciamento do Cantareira. Segundo Andreu, a motivação para a atitude foi o descumprimento do acordo entre o governo estadual e a ANA sobre a redução da vazão captada no Cantareira. Vicente chegou a mostrar um e-mail em que Arce se compromete a diminuir a retirada de água do sistema em junho. A Secretaria de Recursos Hídricos lamentou o vazamento de um documento interno.

Também em visita ao parque Várzeas do Tietê, o governador Geraldo Alckmin criticou uma possível invasão de membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ao prédio da Sabesp. O movimento chegou a bloquear algumas ruas de Pinheiros na noite desta quinta, mas não efetivou o plano. “Espero que não haja (a invasão). Não tem nenhum sentido. A Sabesp é uma empresa que está suando a camisa para enfrentar uma seca que é duríssima”, disse Alckmin.


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