Time de Dunga e eleições: o que vai dar?

O que você está achando desta seleção do Dunga? Será que dá para ganhar a Copa? Vai dar Dilma ou Serra nas eleições?

Como sou jornalista, quando encontro os amigos nos botecos ou os parentes em reuniões de família, sempre me perguntam o que acho que vai acontecer, como se soubesse mais do que os outros e tivesse todas as informações e todas as respostas.

Sei lá, costumo responder, para não dar corda a esta história de que jornalista é dono da verdade e senhor do futuro. De quatro em quatro anos, é a mesma coisa: tem Copa e depois vem a eleição, e todo mundo quer saber antes o que vai acontecer.

Alguns colegas até juntam uma coisa com outra e fazem enquetes para saber qual candidato vai ser beneficiado se a seleção brasileira ganhar ou perder a Copa, como houvesse uma relação de causa e efeito entre uma coisa e outra.

Mesmo sem apontar resultados, uma coisa tenho notado este ano: tanto o time do Dunga como os candidatos a presidente nas eleições de outubro ainda não foram capazes de empolgar a torcida.

A duas semanas do início do Mundial e a quatro meses das eleições, são raros os sinais de que os brasileiros desta vez estão entrando naquele clima de euforia verde-amarela, seja em defesa da seleção ou dos seus preferidos para a sucessão de Lula.

Ao contrário, depois de um mês viajando de norte a sul do país, passando por grandes e pequenas cidades, o que sinto desta vez é um anti-clima, tanto no futebol como na política, uma sensação de tanto faz como tanto fez, cada um mais preocupado em cuidar da sua vida.

Em anos anteriores de Copa e eleição, a esta altura do campeonato as pessoas já pareciam mais motivadas, engajadas, querendo impor suas opiniões, enfeitando carros e casas com adesivos, bandeiras e cartazes. Estamos chegando ao final de maio e ainda não vi nada disso.

Talvez contribuam para isto, em 2010, as caras amarradas tanto de Dunga e seus guerreiros como as dos principais candidatos à Presidência da República, que não chegam a entusiasmar torcedores e eleitores, uns e outros meio desconfiados com o que vem pela frente.

Os temas levantados até agora nos debates da campanha eleitoral são tão entusiasmantes para o grande público quanto as entrevistas do Dunga, que anunciou ao mundo, em seu primeiro pronunciamento na África do Sul, a decisão de liberar os jogadores para receber visitas nas folgas e até fazer sexo no Mundial.

“Aí depende, cada um tem um gosto”, logo esclareceu. “Nem todo mundo gosta de sexo, nem todo mundo gosta de tomar seu vinho ou de sorvete”, explicou, sem dizer como chegou a estas brilhantes conclusões e o que isto tem a ver com as suas estratégias e táticas para levar a seleção a mais um título.

Podemos até ganhar mais uma Copa, é claro, até porque está tudo mais ou menos nivelado no futebol mundial, e não tem nenhuma seleção favorita desta vez, mas o time de Dunga não consegue empolgar nem as crianças.

No aniversário do meu neto, na noite de quinta-feira, ficaram sobre a mesa todos os adereços verde-amarelos que minha filha comprou para enfeitar a festa. A criançada estava mais interessada no tal de Ben 10, um novo super-herói de ficção que não joga bola. O oba-oba em torno da seleção, por enquanto, está mais nos anúncios da televisão do que nas ruas.

Da mesma forma, tirando as torcidas organizadas dos blogueiros da internet e os colunistas uniformizados da imprensa, ainda não vi tucano e petista nos botecos e nas ruas vestindo a camisa e partindo para a luta na defesa do seu partido. Que se passa?

Deixo a resposta para os caros leitores, assim como a pergunta do título.


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