Depois da barbeiragem dos condutores da economia global, chegou a vez dos desastres excêntricos. Primeiro foi a colisão entre satélites, russo e americano, em pleno espaço sideral. Em seguida, foram dois submarinos nucleares, britânico e francês, que abalroaram no mar. Imagine quanto vão custar os trabalhos de funilaria (lanternagem, para os cariocas). As avarias não são coisas que martelinho de ouro dê jeito. E o valor das mensalidades dos seguros deve aumentar como a inflação em Zimbábue. Quem pilota essas máquinas? Um japonês, bêbado, velho e com chapéu? Ou um dos envolvidos é o Dale Earnhardt Jr., que recentemente causou o acidente com nove carros na prova Daytona 500? Ou será minha sogra, a pior motorista que já conheci?

Pense bem: dois artefatos espaciais estão dando voltas na Terra. Não é como se estivessem trafegando em via estreita. Que diabo: estão no cosmos! Não era nem para tirar fininha. Mas se chocaram de modo a espatifar a lataria em centenas de pedaços que agora ameaçam cair no quengo de homens, mulheres, crianças, gatos, cães, baleias, e sabe-se lá mais o quê. Os detritos podem continuar despencando por um período de dez mil anos. Do jeito que andam as coisas, até lá a camada de gás carbono estará tão espessa que formará um escudo sólido de proteção. O problema é que estaremos todos mortos.

E os submarinos, então? Teriam justificativas para o acidente caso estivessem manobrando no espelho d’água do Palácio da Alvorada. Frente àquelas estátuas de mulheres puxando os cabelos. O capitão Nemo, do 20 mil Léguas Submarinas, não faria barbeiragem semelhante. O homem, afinal, enfrentou uma lula do tamanho da ilha de Manhattan capaz de, se fatiada e frita, fornecer aperitivos para toda a população nova-iorquina por 30 anos.

As autoridades franco-britânicas dizem que não há perigo de vazamento dos reatores atômicos das naves. Não sei, não… Daqui a pouco a gente fica sabendo da ocorrência de mutações na fauna do Atlântico Norte. Já imagino peixes com as dimensões de um encouraçado atacando navios de cruzeiros, matando turistas. Será o maior morticínio naquelas bandas, desde a invasão da Normandia.

No caso dos subs, acho que a culpa foi do inglês dirigindo na contramão, como eles têm mania lá na terra deles. Pois deveriam lhe dar 18 mil pontos negativos na carteira de habilitação. Seria o suficiente para impedir que três gerações de seus descendentes fossem incapacitadas de operar até mesmo um patinete.

É curioso que a única máquina construída especificamente para colisões, o Grande Colisor de Hádrons, falhou em provocar trombadas. A geringonça é o acelerador de partículas, de 24 quilômetros de extensão, onde se esperava ver o resultado do choque de prótons em alta velocidade. Na primeira tentativa deu problema. Se não me engano foi no carburador. Ou teria sido o desembraio? Só sei que tiveram de chamar o Touring Club e atualmente centenas de mecânicos estão tentando dar o aplique da troca da requenguela da parafuseta. A estimativa do conserto está, por enquanto, em US$ 135 milhões. Uma conta que daria para comprar mil Porsches turbo do ano. Coloque-se essa frota na Autoban e se terá porradas suficientes. Principalmente se colocarem os carros nas mãos dos comandantes dos submarinos ou dos controladores de vôo dos satélites.


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