Uma das sete mulheres fortes cujas histórias estão contadas nesta edição é Eleonora Menicucci de Oliveira. Ela tomou posse como ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres no dia 10 de fevereiro e, em seu discurso, referiu-se à presidenta Dilma, sua amiga, dizendo: “Nossas trajetórias de mulheres mineiras se entrelaçaram quando, ainda muito jovens, nos engajamos na luta contra a ditadura militar. Engajamento que nos ensinou a lidar com as adversidades e a nunca nos omitir diante de uma situação, por mais difícil que venha ser”. A presidenta e a ministra ficaram presas na Torre das Donzelas, a área feminina do Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ambas foram vítimas de tortura.

Foto: Hélio Campos Mello

Eleonora é uma pessoa de posições fortes e contemporâneas, as quais não renega nem se recusa comentar. Mas, ao mesmo tempo, é uma pessoa bastante equilibrada. Defende publicamente a legalização do aborto e diz que a opinião dela não importa, o que vale é a posição do governo sobre assunto. As referências à ditadura no discurso de posse da nova ministra incomodaram alguns militares.

Outra mulher forte, apesar de não estar entre as sete que selecionamos para esta edição, é também ministra. Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos, aqui na foto junto com a presidenta Dilma Rousseff em 1/1/11, dia da posse das duas, também incomodou alguns militares. Em recente entrevista, declarou que as informações reunidas pela Comissão da Verdade, que investiga crimes cometidos durante a ditadura, poderão dar origem a processos de condenações semelhantes aos que ocorreram em países vizinhos. Ela disse que, na América Latina, a iniciativa de revisão dos atos governamentais praticados durante períodos autoritários não tiveram início com um caráter punitivo. No entanto, o clamor social fez com que resultassem em amplos processos de condenação, como o que ainda ocorre na Argentina, onde mais de 200 agentes repressores já foram punidos. “Reconhecemos legítimo quando a sociedade propõe e luta no sentido da responsabilização criminal”, disse a ministra, segundo o Correio Braziliense.

A insatisfação de alguns militares, que não é a primeira, configura mais uma turbulência natural em um governo democrático que substitui um regime militar e que amadurece com consistência a cada dia que passa.
É muito bom termos mulheres fortes, armadas de bom senso e eficiência democrática na pilotagem da nação.


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