Ulysses Guimarães, o contista

Foto: Hélio Campos Mello
AMBIÇÕES LITERÁRIAS

Ulysses no escritório de sua casa em São Paulo, nos anos 1980 e, no porta-retratos, Dona Mora

Aos 20 anos, ainda um estudante da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o ex-deputado Ulysses Guimarães tinha ambições literárias. Até então, é possível que não passasse por seus planos a opção pela vida política, o que acabaria ocorrendo em 1945, quando ingressou no Partido Social Democrata (PSB). A essa altura, já um advogado formado há cinco anos.

A afirmação sobre suas aspirações no campo das letras ganha respaldo com base em documentos resgatados de seu acervo, guardado no Centro de Pesquisa de Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Ali, foram localizados fragmentos do que poderia ter sido o sonho de um livro de contos ou o simples devaneio de um jovem ainda sem rumo na vida. Fato é que Ulysses deu às várias passagens o título de Excursão pela vaidade humana e, aos contos, subtítulos, como Razões de um lampeão (com grafia da época) e Meu diálogo com Machado de Assis. Ulysses os ordenou em sequência, com páginas cuidadosamente numeradas, que levam a crer que, sim, ele sonhava com a edição de um livro.

No material, há ainda uma espécie de homenagem ao poeta Gustavo Teixeira, Ulysses o descreve como “desconhecido”, morto pela “emoção”, ao receber a notícia de que fora escolhido para ser o substituto de Paulo Setúbal na Academia Paulista de Letras. A ode ao poeta recebeu o título de O poeta de São Pedro de Piracicaba.

Os escritos, que contêm pequenos ajustes à mão (coisa pouca, pois Ulysses era homem de acertos), foram recolhidos no CPDOC em 2003. Portanto, 11 anos depois de sua morte. Não por uma razão específica, mas apenas por questão de oportunidade, vêm a público só agora, para exibir, não o talento literário do deputado, que, sem dúvida, foi muito maior na política. O que se pretende é revelar as suas dúvidas perante um futuro que, obviamente, aos 20 anos, não lhe seria possível vislumbrar, mas seria brilhante.

Em todos os momentos de sua vida pública, Ulysses Guimarães pautou seus atos e decisões pela postura patriótica e ponderada. Emocionada, mas serena. Foi assim quando então presidente da Câmara, em 5 de outubro de 1988, entregou ao País a Constituição Cidadã, com a recomendação: “Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”.

Em um dos trechos do discurso que pronunciou nesse dia, se definiu: “Político, sou caçador de nuvens. Já fui caçado por tempestades. Uma delas, benfazeja, me colocou no topo desta montanha de sonho e de glória. Tive mais do que pedi, cheguei mais longe do que mereço”.

Daí a quatro anos, em 1992, também em outubro, no dia 12 – quando então o clima de Brasília era irrespirável, dada a crise do impeachment do ex-presidente Collor -, do alto das nuvens espessas de um dia tomado pelo mau tempo, o helicóptero de Ulysses se precipitou para o fundo do mar, levado por uma tempestade. Lamentavelmente, dessa vez, não era uma metáfora.

O conto reproduzido ao lado integra uma brochura com indicação de que o conjunto, com 12 ensaios descritos em sumário e 72 páginas, foi publicado pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto (da Faculdade de Direito da USP), sem, porém, especificar a data de publicação, embora situe o período nos idos dos anos 1930.

Razões de um lampião…(Excursão pela vaidade humana)
porUlysses Guimarães
Era mais de meia noite… Um halo de neblina coroava as lâmpadas, as árvores e as estátuas. Os lampiões de gás, desses românticos lampiões que a civilização vai arrancando desapiedadamente um após outro, pareciam grandes flores luminosas boiando na escuridão. Não sei bem porque sempre tive grande simpatia pelos lampiões… Apraz-me vê-los na sua postura rígida e circunspeta, assim com um jeito de inspetor de quarteirão. Parecem mergulhados em profundas meditações… O vira-lata é o filósofo dos depósitos de lixo, o mendigo é filósofo da porta da igreja, a mulher é filósofa da vulgaridade* e os ladrões fizeram filosofia sobre a propriedade alheia. Desde que neste mundo tudo é questão de filosofia, acrescentemos que o lampião de gás é o filósofo da beira das calçadas.
Ora, nessa noite, pus-me a contemplar embevecidamente uma dessas personagens. Calculou meu espanto, ao notar que ela voltava para mim sua cabeçorra, dizendo com uma voz que parecia vir de outro lado da terra:
…Muito boa noite, meu jovem…
Embora tartamudeando, não deixei de responder-lhe:
…Boa noite… Então, como vai indo a vidinha?
…Bem, como a vida daqueles que não têm a alma atribulada por muitas ambições e desejos. Vocês, homens, chamam essa placidez de monotonia. Se assim é, direi ser a monotonia condição da felicidade. Cada vez mais e mais o homem complica e amargura a existência, artificializando-a, pondo-a à margem mesmo contra a natureza. Descobertas e invenções, afinal, não passam das grades da prisão que o homem constrói para si próprio. Depois venham dizer-me ser ele bicho mais inteligente da criação, coisa, aliás, bem suspeita, pois só a tenho ouvido de sua própria boca.
Minha curiosidade era grande, Evidentemente, deve ser interessante saber das idéias que vão pela cachimônia de um lampião.
Sobretudo quando desabusado objetei-lhe:
…Você talvez compreenda ser isto indício de civilização…
…Civilização! … Eis aí uma bela palavra. Há outras delas, como evolução, liberdade, patriotismo etc., que são pratos diários na conversação de todo mundo e ninguém sabe, ao certo, que significam. Assim, as discussões, gênero de esporte tão do agrado das mulheres, não passam de logomaquias, de inúteis e ocas disputas de palavras. Cerca de 90% da humanidade não pensa: aceita preguiçosamente as coisas como as encontra, sem se dar ao incômodo de submetê-las. À prova do raciocínio dos 10% restantes, a metade pensa mal… Vale dizer, se não me falha a Matemática, que 90% dos homens têm na cabeça tripas em lugar de miolos.
Aí está, tripas…
Não gostei da comparação, que me parecia de uma chulice impertinente. Meu interlocutor parece haver notado, pois continuou:
…Você não tem motivo para ficar agastado. A verdade é como o sol: não a olhamos sem fazer caretas. Depois, moços da sua idade, nem tripas possuem na cabeça, o que é mais grave. Aquelas ainda possuem certo valor nutritivo, emprestando alguma utilidade alimentar a muito cérebro…
O ar misterioso com que disse isso, espicaçou-me a curiosidade:
…Ora bolas! Se não há tripas, nem tampouco miolos, que diabo temos nós então na cabeça?
…Nada… Ela é oca, disse num sorriso alvar. Ou melhor, há nela uma porção de moinhos de vento… Você já ouviu dizer que mocidade é sinônimo de maluquice?… Mas abandonemos o terreno escorregadio das retaliações pessoais, como diria um deputado. Nada há que afague mais a vaidade humana que os desencantados progressos de uma pretendida “civilização moderna”. Enchem a boca para falar dela… Vêm à baila os aviões, submarinos, telefone, telegrafia, e outras “conquistas sobre a natureza”, inteiramente desconhecidas dos antigos. Já se chegou a assegurar que o homem hodierno está mais próximo de Deus do que de Adão. Esquecem-se, porém, que o domínio da natureza só se conseguiu escravizando-se as suas leis. Poucas vezes, como em nossos dias, a tirania da matéria foi tão completa. Por que tanta vanglória a propósito de vantagens quase que exclusivamente para uso do corpo, se a transitoriedade deste é irremediável? Por que esquecer com tanta facilidade que o destino deles é apodrecer sob sete palmos de terra, transformando-se em rabanetes e hortaliças? Momento, homo, quia pulvis es… Seria preciso repetir o adágio? Ah! Os homens não passam de sombras ao encalço de outras sombras…
Um arrepio gélido me percorreu a espinha. Sem dúvida devido ao frio que estava fazendo…
Contado o lampião, que já assumiu a meus olhos proporções fantasmagóricas, prosseguiu implacável:
Não obstante, é do conhecimento geral a edificante lição de humildade que se contém na máxima salomônica: Nihil novi sub solo. Citam-na muito a miúde, o que é mau sinal: indicam pruridos de falsa modéstia. A modéstia, em geral, é irmã bastarda da humildade. É ímã atraindo elogios. No terreno espiritual, não há lugar para tanta empáfia. Assim os primeiros livros que apareceram, são tidos como produtos culminantes do espírito humano. Por exemplo: a Ilíada e a Odisséia, escritos por um cantor ambulante, paupérrimo e cego: a Bíblia, um dos momentos mais sublimes da humanidade elaborada, em sua generalidade, por pastores nômades e rudes pescadores.
De Sócrates, que era um sujeito feíssimo e sujo, cuja “cara metade” conseguiu ingresso na história, mas não com a espada, pena ou matírio, mas com surras memoráveis dadas ao marido. De Sócrates se disse que baixou a filosofia do céu à terra.
Shakespeare foi açougueiro antes de ser o maior dramaturgo da Inglaterra. Spinosa vivia de polir lentes. Nas horas vagas é que se dava ao luxo de produzir obras que vêm durando com o tempo.
Eis aí de que barro, em geral, são feitos os grandes homens! Os italianos têm razão, ao dizerem que “la croca non fail cavaliere”. Por isso, meu jovem, muito cuidado ao falar em “civilização moderna”.
Os anos têm trazido modificações de forma. A idéia, o substrato – esses quase nada tem variado.
Fez uma pausa. Dei graças a Deus, pois já estava atordoado com as pesadas tijoladas de sua argumentação. Não encontrava nada para dizer. Seria verdadeira a tal história do moinho de vento? O certo é que não estava disposto a ver minhas idéias “espinafradas” sem mais aquela. O demônio do lampião tinha mesmo volúpia da contradição. Não tardou muito a trégua:
…De outro lado, imagine como o futuro terá razões para criticar costumes e convenções ora vigentes, com a mesma disposição sadônica hoje empregada com relação aos povos que já morderam o pó do aniquilamento? Que dirão aqueles que viverem lá pelo ano 3000 desses seres esquisitos, que mantinham escolas aparelhadas para ensinar a arte de liquidar seus próprios semelhantes o mais depressa possível? Que palavras terão para com essas organizações prepotentes, que mantêm legiões de homens armados permanentemente, os quais invocavam nomes como “patriotismo” e heroísmo, para que fossem justificadas chacinas e iniqüidades? Por que ínvios caminhos andaria o juízo dessa gente do século XX, para que expendesse milhões em construir penitenciárias, mausoléus, monumentos, com todo luxo e grandiosidade, enquanto por toda parte mãos se estendiam, pedindo esmolas e chagas sangravam, clamando por lenitivo? Mas hoje não há tempo para pensar nisso.
O ódio tomou conta do coração do homem e precipitou-o na guerra das guerras. Cada um tem o sofrimento que merece.
Passemos para assuntos mais alegres. Consideremos os aspectos jocosos dessa famosa “civilização moderna”.
Não acha, por exemplo, que a posteridade matará à bulha essa fitinha sem graça e de diversas cores que você traz à volta do pescoço? Não se faz o mesmo com o rabicho dos chinas e com as perucas, que ao menos tinham a serventia de encobrir a calvície? Porém, no meu fraco entender (apesar do meu agastamento), automaticamente pronuncio o competente “não apoiado”, o alvo das melhores chacotas são certos seres extravagantes que florescem em nosso tempo. Acredito que sejam do gênero neutro. Ah! Eis aí um filão riquíssimo de sátiras e dichotes!
Teve uma risadinha cínica. Pelo que já ouvira, tinha motivos de sobra para ver aumentada minha inquietação. Que me reservaria agora uma criatura tão singular, que fazia ponderações assim alarmantes, com o mesmo ar despreocupado e “nonchalant” de funcionário público em serviço?
…Esses seres a que há pouco me referia, trazem as unhas pintadas, os cabelos pintados (ou “oxigenados” usando um termo técnico), as faces pintadas, sobrancelhas pintadas… As partes visíveis são assim… Nada sei das demais… Depois de pintarem tanta coisa, não é de se admirar que também pintem o sete. Ainda há mais. Comumente trazem penduricalhos no pescoço e pulsos, bem como argolinhas penduradas nas orelhas. Sem dúvida, excelente material para os humoristas futuros!
Nova interrupção. Dentro da noite imensa e misteriosa espessa letargia envolvia a terra. A lua rolava lá nas alturas e as estrelas pareciam piscar maliciosamente. O eco servia de porta-voz aos menores ruídos. Como um lamento, ouvia-se a plangência de uma valsa em voga, tocada por uma orquestra qualquer em um baile na redondeza.
Tome a dança como exemplo, meu amigo. Os gregos a praticavam ao ar livre, ao sol das manhãs que despertavam. Havia o culto da beleza, que transparecia na graça aérea das atitudes e na euritmia dos gestos. Como deveria ser sublime o espetáculo oferecido por aqueles corpos esbeltos e jovens, a se movimentarem no ritual simbólico da adoração ao astro-rei que ensangüentava os horizontes! Hoje a dança, que teria sido ensinada aos homens pelos deuses, reza a tradição mitológica, não é mais uma arte. Profanarem-na em mero passatempo. Como se me afigura profundamente desolador, que homens e mulheres, para se divertir, enclausurem-se em ambientes fechados e aí fiquem horas e horas perdidas da noite, empenhados numa espécie de luta corporal, em que todos os golpes são permitidos: empapados de suor, executam os mais estrambóticos saracoteios ao som de u’a música caricatural. O sexo é elemento bem perverso na natureza humana. Onde entra estraga tudo.
Penso que se eu continuasse a ouvi-lo, continuaria até madrugada a ser mofinado pela sua ladainha. Já estava enfarado. Dei de ombros a tudo quanto me dissera. Ora viva! Razões de lampião não fazem mossa. Cheguei mesmo a crer que o pobre estivesse louco, pois é de malucos dizer alto e bom som pensamentos, que a gente deve por todo empenho em trazer bem guardadinhos e ocultos no cérebro. Também já estava na hora de ir até o bar da esquina tomar a clássica média com pão torrado.
Era muito mais prático e proveitoso. Sugestionado por tanto latim ouvido, também arriscava minha citaçãozinha: primo vivero deinde philosophar!… Inventei um pretexto qualquer e abandonei à sua loucura aquele filósofo de beira de calçada.
Mal havia começado andar, ouvi-lhe dizer com sua voz tão sossegada e esmorecida quanto sua luz:
Não se esqueça, meu jovem: os homens não passam de sombras ao encalço de outras sombras:
Instintivamente apressei os passos como procurando impedir que suas palavras me alcançassem os ouvidos. Mal sabia eu que elas ficaram esculpidas sem minha memória.

*Sobre o comentário politicamente incorreto com relação às mulheres, convém levar em consideração que é feito por um Ulysses Guimarães de 20 anos, interiorano, nascido em 1916, quatro décadas anteriores à entrada em pauta da questão de gênero, que só veio à baila em meados dos anos 1960, com o início da revolução sexual. E, ainda, um último aspecto. Para os rapazes de 20 anos daquela época, a mulher era o objeto de desvario, sempre dispostas a fisgá-los. Esse era o conceito da mulher na sociedade machista do início do século passado. Ou eram “casadoiras” em busca de bons partidos (e não estamos falando de política), ou eram “pecadoras” a arrastá-los aos “desatinos”.

PERFIL
Ulysses Silveira Guimarães nasceu em Rio Claro (SP), no dia 6 de outubro de 1916. Advogado formado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1940, ingressou cinco anos depois no Partido Social Democrático (PSD), onde permaneceu até a sua extinção (1965). Em 1950, elegeu-se deputado federal. Nessa época, integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do jornal Última Hora, um dos estopins da crise político-militar que culminou com o suicídio do presidente Getúlio Vargas (24/8/1954).
No início da década de 1960, votou a favor da Emenda Constitucional no 4, que instituiu o parlamentarismo, solução encontrada pelo Congresso para o veto imposto pelos ministros militares à posse de João Goulart, vice-presidente da República. Após a posse de Goulart, no dia 7 de setembro, Ulysses foi nomeado ministro da Indústria e Comércio. Em junho de 1962, exonerou-se do cargo e retornou à Câmara. Em outubro, foi eleito para o seu quarto mandato. No início, apoiou o golpe que derrubou Jango (1964), mas logo bateu de frente com o regime militar.
Após a edição do Ato Institucional no 2 (21/10/1965), que extinguiu os partidos políticos, Ulysses filiou-se ao oposicionista Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1971, assumiu a presidência do MDB. Quatro anos depois, elegeu-se deputado federal pela sétima vez consecutiva e voltou para Câmara no fim da década de 1970. No ano seguinte, o general João Figueiredo tomou posse na presidência. Nesse período, duas importantes medidas foram tomadas: a decretação da anistia, em agosto, e a extinção dos partidos políticos, em novembro (a partir daí foi instituído o bipartidarismo, no qual dois partidos dominam o cenário político). No quadro da reformulação partidária que então se abria, a maioria do antigo MDB ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), sendo Ulysses eleito seu presidente.
No início dos anos 1980, o Congresso aprovou projeto do governo restabelecendo eleições diretas para os governos dos Estados. O avanço oposicionista fez crescer a mobilização em torno da eleição direta para a presidência da República e Ulysses foi apelidado pela imprensa de “o Senhor Diretas”.
Em janeiro de 1985, no Colégio Eleitoral, Tancredo Neves, então governador de Minas Gerais, foi eleito presidente, derrotando Maluf. A posse de Tancredo estava marcada para o dia 15 de março. Na noite de 14 de março, contudo, ele foi internado às pressas num hospital de Brasília. O senador José Sarney foi empossado interinamente na presidência, mas o homem forte era Ulysses Guimarães. Além de ocupar a presidência da Câmara dos Deputados, e a do PMDB, partido que detinha 80% dos ministérios e a maioria dos parlamentares, por ser o presidente da câmara, era o substituto legal de Sarney. No dia 21 de abril, Tancredo Neves morreu e Sarney foi efetivado.
Em março de 1985, Ulysses foi reeleito presidente do PMDB. Disputando, pela décima vez, uma cadeira de deputado federal por São Paulo, percorreu o País fazendo campanha dos candidatos do partido aos governos estaduais. Em novembro, o PMDB conseguiu eleger todos os governadores, à exceção do de Sergipe. Ulysses, com 590.873 votos, foi o segundo deputado federal mais votado.
Foi eleito presidente da Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Passou então a acumular a presidência do PMDB, da Câmara dos Deputados e da Constituinte.
Em 1987, Ulysses começou a defender a proposta de mandato de cinco anos para o presidente da República, ponto de vista defendido por Sarney. A posição adotada por Ulysses, acusado de cumplicidade com o presidente, contribuía para acentuar a crise no PMDB. No ano seguinte, diversos peemedebistas deixaram o partido e criaram o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
As eleições presidenciais estavam marcadas para 15 de novembro de 1989. Em abril, Ulysses foi escolhido candidato do PMDB, mas na prática uma parcela significativa do partido não participou de sua campanha. Mesmo dispondo de 22 minutos diários de programa eleitoral na mídia, Ulysses obteve apenas 4,43% dos votos. No segundo turno, Fernando Collor de Melo derrotou Luiz Inácio Lula da Silva e elegeu-se presidente. Em outubro de 1990, Ulysses foi reeleito deputado federal, recebendo, contudo, menos de um décimo dos votos alcançados em 1986.
A recuperação política de Ulysses ocorreu em 1992, durante o processo de afastamento do presidente Collor. Mesmo após a instalação da CPI, Ulysses não via com bons olhos a proposta de impeachment. Porém, com a evidência dos fatos e a adesão popular, mudou de posição e seu gabinete transformou-se no quartel-general da CPI. Ciente de que a vitória do impeachment no Congresso seria mais fácil se a votação não fosse secreta, trabalhou para a adoção do voto aberto, afinal aprovado. Em setembro, por grande maioria, Collor foi declarado impedido de continuar na presidência, sendo substituído pelo vice Itamar Franco.
Ulysses desapareceu em 12 de outubro de 1992, após um acidente de helicóptero no litoral do Rio de Janeiro. Seu corpo não foi encontrado, mas a morte foi oficialmente reconhecida. Era casado com D. Mora, também falecida no acidente.Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930.
2a ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001

Comments

Uma resposta para “Ulysses Guimarães, o contista”

  1. Avatar de washington valerio
    washington valerio

    E incontestavelmente o Sr. Ulisses Guimaraes um dos maiores politicos de todos os tempos,soube como poucos usar a inteligencia para poder usufluir do poder q o cargo lhe cunbia.Ulisses e exemplo de politico de homen e de cidadao.temos que q reverencia-lo sempre e mostrar aos novos politicos que baeiem-se no no Dr ulisses para fazer e praticar politica.como proprio dizia.”O HOMEM NAO COMRROPE O PODER,O PODER CORROMPE O HOMEM”.

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