Uma história pode mudar o seu jeito de ver o mundo. E, num mundo com o ritmo cada vez mais alucinante, ouvir e ser ouvido são atitudes que parecem não caber nos escassos instantes das pessoas. A historiadora Karen Worcman, no entanto, sempre foi uma boa ouvinte. Por isso, criou há 17 anos, em São Paulo, o Museu da Pessoa. Com a proposta de estimular pessoas comuns a ouvir, coletar, compartilhar e registrar em vídeo e áudio suas histórias de vida, sendo tudo isso parte de um processo crítico para a democratização da cultura e a transformação social.
Todo tipo de história. Já são mais de 10.275 depoimentos de brasileiros de todos os cantos do País. Hoje a rede de Museus da Pessoa já conta com quatro sedes: além da do Brasil, a primeira a surgir, há uma no Canadá, uma nos Estados Unidos e outra em Portugal. Essa rede organizou e instituiu o Dia Internacional de Histórias de Vida. A primeira edição aconteceu no último dia 16 de maio. Foram cem eventos organizados em 19 países, como África do Sul, Palestina, Índia, Holanda, Equador e China. Para que houvesse uma sincronia entre eles foi criado o blog www.ausculti.org, com toda a programação do dia.
Brasileiros acompanhou duas experiências na cidade de São Paulo. Em uma delas, um grupo de jovens, reunidos em círculo na Praça do Pôr-do-Sol, no bairro de Pinheiros, relatou episódios de suas vidas, de maneira muito elaborada, seguindo a metodologia desenvolvida pelo Center for Digital Storytelling na Califórnia (EUA) – que utiliza mídias digitais. Os participantes puderam escrever um roteiro, ler, reler e depois gravar um depoimento. O material foi transformado em CD e arquivado no museu.
Já no Metrô Santa Cecília, havia uma cabine de vídeo, onde os passageiros entravam e deixavam depoimentos espontâneos. Foram bombeiros, enfermeiras, donas de casa, estudantes…
A partir desta edição, Brasileiros passa a publicar mensalmente alguns dos depoimentos do acervo do Museu da Pessoa de São Paulo.
Abaixo, duas histórias que ouvimos no Dia Internacional de Histórias de Vida.
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