Um grande homem a menos

Imagem Agência EstadoMeus caros, fiquei consternado ao saber da morte de Sidnei Basile, ocorrida na última quarta-feira. Ele sofria de câncer, diagnosticado há cerca de três meses, e deixou uma família maravilhosa, a esposa, Beth, três filhos e dois netos. Não posso dizer que tenha sido seu amigo próximo, tive poucos contatos com ele na vida, começando há cerca de 15 anos, na TEC/Vistage, instituição fantástica trazida ao Brasil por Antonio Cortese e Luiz Paulo Ferrão. A receita é simples: reunem-se executivos de diferentes perfis, e todos trocam ideias e experiências, e saem dos encontros mensais mais ricos como profissionais e como homens. Quis Deus que eu ficasse no mesmo grupo do Sidnei, no qual também estavam outros homens incríveis. Eu era o mais jovem, pouco mais de 30 anos, com pouquíssima coisa a dizer, e muito o que aprender. Nem todos tinham muita paciência comigo, o que não era o caso do Sidnei, que, a bem da verdade, era uma grande referência para todos nós. Quando ele falava, todos ouviam e aprendiam muito.

Era formado em Direito e Sociologia, e trabalhou por muitos anos nos jornais Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil, na agência de notícias Burson Masteller e depois no Grupo Abril, onde ocupou a Unidade de Negócios da revista Exame, e chegou a vice-presidente – acumulava outras funções também, como a de conselheiro da WWF Brasil. Foi uma vida profissional maravilhosa, marcada pela ética, por uma competência exemplar, e por grande humanidade. Era elegante, e tinha um humor sutil e inteligente que eu adoraria conseguir imitar. Sidnei falava comigo, enxergava em mim o que eu mesmo não via. Eu não chamaria sua atitude de paternal, mas de profunda e absolutamente humana.

Assim como eu, era formado em Direito,  e mostrou-me o enorme campo de trabalho que eu tinha à minha frente, encorajando-me em muitas ações, as mais diversas. Estive com ele poucas vezes nos últimos anos, quando tive a chance de colocar em prática muito do que aprendi, e minha vida mudou fantasticamente. Fico imaginando quantos, como eu, não se beneficiaram dos conselhos e da amizade dele. Soube, lendo seus obituários, que há alguns anos ele ganhou o Prêmio Ayrton Senna de jornalismo. Não posso imaginar outro prêmio que combinasse melhor com ele, pois ele e Senna tinham muito em comum, pois foram grandes homens. Mando à sua família o meu abraço de saudades e gratidão. Guilherme Lacombe e de Lourenço Cavalcanti.


Comentários

3 respostas para “Um grande homem a menos”

  1. Avatar de Alexandre Basile
    Alexandre Basile

    Lourenço, em nome da família Basile agradeço por ter compartilhado suas vivências com meu pai. Seu texto é conciso, sensível e carinhoso. Uma bela homenagem, sem dúvida. Obrigado!

    1. Alexandre, me emociono com tuas palavras. Teu pai foi das pessoas mais marcantes de minha vida, tê-lo encontrado foi maravilhoso. Aprendi a ver o mundo ouvindo as ponderações dele, sempre serenas e completas. Recebam todos vocês o maiu mais carinhoso abraço de gratidão.
      Lourenço

  2. Por que advogados sempre dão excelentes jornalistas?
    (pergunta retórica)

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