Um verão brasileiro em Londres

Há tempos, os londrinos aguardam um verão mais quente, diferente das máximas de 25 ºC. Em 2010, o desejo tornou-se realidade, não somente pelas estatísticas da meteorologia (é o verão mais quente desde 2003), mas pelo jeitinho brasileiro que tem esquentado ainda mais as margens do Tâmisa. Em pleno centro de Londres, jogadores de capoeira e músicos de MPB se misturam ao ambiente com cheirinhos bem típicos nas barraquinhas. O português (com sotaque brasileiro!) é quase a língua corrente e indica que estamos no Festival Brazil, um mega evento desenvolvido pelo Southbank Centre – o maior centro de artes da Europa.
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O evento, programado para reconstituir uma grande festa brasileira, tem como objetivo discutir e ampliar o conhecimento sobre o Brasil contemporâneo, além de analisar a transformação que o País passou nos últimos 20 anos, o que a mídia inglesa tem chamado de “revolução silenciosa”. O Brasil, agora como líder emergente, despertou o interesse dos britânicos para redescobrir e explorar o País com uma visão além do estereótipo até pouco tempo vigente.

– Entre no SITE OFICIAL DO FESTIVAL BRAZIL.

Segundo Jude Kelly, diretora artística do Southbank Centre, o evento é um reconhecimento da tamanha riqueza de talentos e energia que o Brasil possui e que, na opinião dela, daria material para pelo menos mais quatro festivais deste porte. Para os organizadores, o Brasil é extremamente atraente porque não tenta ser europeu ou algo que não lhe é característico. É um dos poucos lugares onde a cultura é elemento participante na transformação política e social.

A programação do evento, que se estende até 5 de setembro, divide-se nas categorias Música, Artes Visuais, Literatura, Cinema (documentários somente) e uma série de debates, além de Culinária e eventos de Dança, abertos ao público. Todo o evento está em um complexo composto pelo Queen Elizabeth Hall, Royal Festival Hall e Hayward Gallery, considerados entre os espaços mais proeminentes do Reino Unido e da Europa. Aproximadamente três milhões de pessoas visitam esses espaços anualmente.

Com mais de 50 eventos na programação, há opções para todos os visitantes, desde a família até os intelectuais e pensadores políticos. Entre os destaques na música estão Maria Bethânia, Gilberto Gil e Os Mutantes, com apresentações no Royal Albert Hall. Na Literatura, o Queen Elizabeth Hall abriga o subevento Brazilian Words, com convidados como o escritor Milton Hatoum, o cantor, compositor e poeta Arnaldo Antunes e os irmãos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, artistas de história em quadrinhos.

Debates com personalidades, como Sócrates e José Miguel Wisnik, mostram o Brasil na perspectiva dos brasileiros, enquanto nas artes visuais, Ernesto Neto e a exposição The Edges of the World (Os Confins do Mundo) recebem lugar de destaque na programação e na mídia.

As possibilidades são amplas para quem quer compreender o novo Brasil. Os britânicos querem aprender sobre a cultura do País com previsões para ser a quinta economia do mundo até 2025. Mas, a característica marcante do festival está na atmosfera, na alegria e no gingado dos brasileiros. Conversando com um músico inglês sobre o festival, ele diz: “Essa é uma oportunidade incrível para conhecer melhor o Brasil e, quem sabe, aprender as lições de um País com uma habilidade fantástica de adaptação e improvisação, mas, sobretudo, ouvir as lições de um povo generoso e batalhador, ao mesmo tempo gracioso e alegre”. Ele conclui: “Ser criativo e enfrentar dificuldades extremas com um sorriso? Não sei se é possível aprender isso. Essa habilidade só o brasileiro tem”.

Vídeo sobre o Festival Brazil:



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