Vergonha nacional!

Meus caros, a sequência de notícias pareceu novela. Ontem, o General Raimundo Nonato Cerqueira Filho, que se manifestou contra a presença de gays no exército, foi confirmado para ocupar um dos mais altos postos do Superior Tribunal Militar. Hoje, a imprensa noticiou a condenação de um tenente-coronel, por aquele Tribunal, por ter tido relações sexuais com um soldado fora de qualquer dependência do exército. O Exército brasileiro não admite, sequer, que um militar seja homossexual no âmbito de sua vida privada, fora das dependências e longe de suas funções. “Não se pode permitir liberalidade a ponto de denegrir o instamento militar”, disse um dos julgadores.

Eu já citei aqui o exemplo do Exército britânico, um dos mais profissionais de todo o mundo, vencedor das duas grandes guerras do século XX, ativo  em vários campos de conflito do planeta, como o Afeganistão, e no qual não existe qualquer restrição ao ingresso e participação de homossexuais. Em 1999, a Corte Europeia de Direitos Humanos julgou quatro casos semelhantes ao do militar brasileiro condenado ontem, e sentenciou em favor destes. O que fizeram os britânicos? Estabeleceram códigos de conduta, valorizando a eficiência e a capacidade de seus membros, liberaram a participação de homossexuais, e não houve nenhum problema com isso, criaram até um site, chamado proud2serve.net, que trata publicamente do assunto. Também as forças armadas de Israel, uma das mais eficientes do mundo – não entro no mérito do que fazem, pois recrimino as ações do governo israelense – não apenas aceita homossexuais, como age contra a discriminação destes em suas funções.  O Exército norte-americano, com muito atraso, está revendo sua própria política de restrição neste assunto.

Em que medida a atividade militar é diferente no Brasil, da Grã Bretanha, dos Estados Unidos  ou de Israel? É diferente a convivência dentro dos quartéis, ou na frente de batalha, para eles e para nós? O “Instamento militar” é diferente só para nós? Lógico que não, o que temos aqui é preconceito puro, aliado a pensamento retrógrado, neolítico, uma vergonha. E ainda foram aprovar mais um general preconceituoso para o Tribunal militar. Francamente, que vergonha para o Brasil.


Comments

4 respostas para “Vergonha nacional!”

  1. Queridão, ditatorial é pouco – e nós gays sabemos bem disso. Só lutando para mudar, dia após dia, é que conseguiremos alguma coisa – mantenho mimnha esperança no nosso judiciário (23B jurisprudência).
    Abração

  2. Essa situação é extremamente ditatorial. O que o indivíduo faz ou deixa de fazer dentro da legalidade fora de seu ambiente de trabalho está dentro do livre arbítrio dele, ou não vivemos em um país livre? É algo como uma pessoa ser demitida da empresa porque saiu na noite anterior ao trabalho com seu par. É o cúmulo do abuso de poder, da invasão de privacidade, da censura e também de uma preconceituosa opressão!

  3. Oi Lourenço,

    Esse trogloditismo do exército brasileiro cansa. Ser contra mulheres no exército soa menos mal do que ser contra gays.

    Embora ache ridículo, você sempre pode justicar que, fisicamente, mulheres são menos fortes ou atléticas…

    Agora um homem homossexual deixa de ser um homem? Deixa de tão forte ou tão atlético ou tão capaz de aprender táticas e estratégias militares?

    É ser muito atrasado…

    Beijocas

  4. Meu caro, fico pensando. Quanto tempo levarão certas pessoas para olhar e ver o que está diante delas? Beijas.

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