Vinho para todos

Recentemente, um insight tem me atormentado. Estou sentindo que o mundo do vinho está novamente indo por um mau caminho, o do elitismo. Quando me junto a rodas de pessoas que apreciam vinho, as conversas sempre giram em torno de vinhos maravilhosos, caros – para muitos, inacessíveis. O preço do vinho no Brasil, então, nem se fala. Caro pra chuchu! Vinho em restaurante também é outro ponto crítico, como já é comprado muito caro, é revendido mais caro ainda.

No mês passado, ministrei uma palestra na FNAC Paulista, com apoio da revista Brasileiros, em que o tema eram vinhos orgânicos, naturais e biodinâmicos (www.revistabrasileiros.com.br/2012/09/22/entre-uma-taca-e-outra). Como esse assunto, mesmo para os profissionais do vinho, ainda é de difícil compreensão, tomei o cuidado de preparar uma introdução.

É muito gratificante ver como o interesse dos brasileiros em relação ao vinho tem aumentado e é por isso que minha preocupação aumenta a cada dia. Quando perguntei às pessoas que estavam lá se elas sabiam como um vinho era feito, surpresa: a maioria não sabia. Decidi, então, partir do zero para depois chegar ao tema da palestra. Ao final, muitas pessoas, ávidas por mais informação, me rodearam e entramos em um bate-papo muito bom.

Creio que os profissionais do mercado e as pessoas com uma ligação mais íntima com o vinho devem estar atentos e preocupados em passar informações, consideradas primárias, ao maior número de gente possível. Não podemos voltar para trás, quando o vinho era coisa para gente muito rica. E pensando nisso vou deixar aqui dica de dois vinhos até R$ 50:

• Adobe Orgânico – Emiliana Vinhedos Orgânicos – Chile – no Pão de Açúcar, custa R$ 46,97.

• Le Loup dans La Bergerie – Domaine L’Hortus  – França – na importadora De La Croix, sai por R$ 49.

O mercado
Um dia antes de escrever essas linhas, estive em um evento de gastronomia, chamado O Mercado. É assombroso o interesse dos paulistanos, quando o assunto é comida e bebida.

O Mercado é uma ideia bacana. Consiste na compilação do trabalho de vários cozinheiros, bartenders e sommeliers que montam suas barracas em um espaço comum e com preços bem acessíveis para paulistanos ávidos por comes e bebes com apelo requintado.

Requintado, sim, pois vários dos profissionais que se reúnem nesse evento são proprietários ou funcionários de restaurantes de renome, muitos deles de apelo criativo, que emprestam seus talentos em prol de pessoas que, muitas vezes, não têm condições de ir a esses restaurantes.

Dois exemplos de profissionais que estavam no evento são a sommelière Daniela Bravin, cujo restaurante que leva seu sobrenome está localizado em Higienópolis, e os chefs Geovane Carneiro e Luciano Nardelli, ambos homens de confiança do chef Alex Atala, do restaurante D.O.M, nos Jardins.

Barracas com fogões e geladeiras improvisados se misturavam entre passantes seduzidos pelos diferentes aromas que permeavam o espaço. Nessa sexta edição do evento, o Mercado de Pinheiros emprestou seus pátios às barracas.

Vale a pena ficar ligado para da próxima vez não perder a chance de cair de boca no Mercado.

*Graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, em São Paulo.


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